Num estudo com ratinhos, uma dose baixa de lítio foi o suficiente para reverter os sintomas da doença de Alzheimer.
As pessoas com doença de Alzheimer têm níveis mais baixos de lítio no cérebro do que as que não sofrem de perturbações cognitivas. Além disso, uma deficiência deste metal parece acelerar a acumulação de placas amilóides e a perda de memória.
No entanto, este cenário pode ser invertido com uma pequena dose de lítio.
É a conclusão de um estudo publicado esta quarta-feira na Nature, que sugere que que a deficiência de lítio pode ser um fator determinante da doença de Alzheimer e que mesmo medicamentos com baixas doses de lítio podem ajudar a tratá-la.
Como detalha a New Scientist, a investigação analisou os níveis de 27 metais nos cérebros de 285 pessoas após a sua morte, 94 das quais foram diagnosticadas com a doença de Alzheimer e 58 tinham um défice cognitivo ligeiro, um precursor da doença. Os outros participantes não apresentavam sinais de declínio cognitivo na altura da sua morte.
Os níveis de lítio no córtex pré-frontal – uma região do cérebro crucial para a memória e a tomada de decisões – eram, em média, cerca de 36% mais baixos nas pessoas com doença de Alzheimer do que naquelas sem qualquer declínio cognitivo. Nas pessoas com défice cognitivo ligeiro, os níveis de lítio eram cerca de 23% mais baixos.
Para compreender de que forma é que o lítio influencia a cognição, a equipa criou geneticamente 22 ratos para desenvolverem sintomas semelhantes aos da doença de Alzheimer e reduziu a sua ingestão de lítio em 92%.
Passados cerca de oito meses, os ratinhos tiveram um desempenho significativamente pior em vários testes de memória, em comparação com 16 ratinhos com uma dieta normal.
Os ratos com deficiência de lítio demoraram cerca de 10 segundos a encontrar uma plataforma escondida num labirinto aquático, por exemplo, mesmo após seis dias de treino. Os seus cérebros também continham quase duas vezes e meia mais placas amilóides.
A análise genética das células cerebrais dos ratinhos deficientes em lítio revelou um aumento da atividade dos genes relacionados com a neurodegeneração e a doença de Alzheimer.
Também tinham mais inflamação cerebral e as suas células imunitárias eram menos capazes de eliminar as placas amilóides – alterações também observadas em pessoas com doença de Alzheimer.
A equipa analisou depois diferentes compostos de lítio para verificar a sua capacidade de se ligarem à amiloide e descobriu que o orotato de lítio – um composto que ocorre naturalmente no organismo, formado pela combinação de lítio com ácido orótico – parecia ser o menos suscetível de ficar preso nas placas.
Nove meses de tratamento com este composto reduziram significativamente as placas em ratinhos com sintomas semelhantes aos da doença de Alzheimer, que também tiveram um desempenho tão bom em testes de memória como os ratinhos normais.
Como destaca a New Scientist, estes resultados sugerem que o orotato de lítio pode ser um tratamento prometedor para a doença de Alzheimer.
A mesma revista recorda que atualmente já são utilizadas doses elevadas de diferentes compostos de lítio para tratar algumas doenças psiquiátricas, como a doença bipolar.
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