O vídeo está a gerar discussão entre os que consideram que a cobrança é gananciosa e os que criticam a expectativa de que as mulheres devem fazer trabalho doméstico para os homens gratuitamente.
Rae Roberts, uma mãe britânica de dois filhos e criadora de conteúdos, acendeu um debate no TikTok após partilhar uma rotina diária aparentemente simples: preparar o almoço do marido. O detalhe que dividiu a internet? Rae cobra 10 libras (cerca de 11,50 euros) por cada refeição que prepara.
No vídeo, que já soma mais de 200 mil visualizações, Rae mostra a salada de frango que fez para o companheiro e explica o raciocínio por trás da cobrança: “Se ele vai gastar 10 libras no McDonald’s, Gregg’s ou noutro lugar qualquer e pôr dinheiro no bolso de um estranho, porque não pode pôr esse dinheiro no meu bolso? Sejamos honestos, nada na vida é grátis. Então, se vais pagar à mulher no Gregg’s pelo teu almoço, paga também à mulher que amas pelo teu almoço”, justifica.
@raeroberts.x How much does everyone charge their partner? #food #FoodTok #lunch #relationship #momtok #foryou #fyp ♬ original sound – Rae
Segundo Rae, o acordo é vantajoso para ambos: “Ele está alimentado e feliz. Eu sou paga e feliz.” No entanto, a abordagem provocou reações mistas.
Enquanto alguns seguidores elogiaram a lógica do casal e o espírito prático, outros foram mais críticos. “Se amasses o teu homem, não lhe cobrarias 10 libras”, comentou um utilizador. Outro foi mais direto: “Ele devia expulsar-te de casa.” “Espero que ele te deixe sem remorso por esta estupidez. Não vais chegar a lugar nenhum, muito menos com um homem”, respondeu outro comentador.
Houve ainda quem questionasse se o vídeo era satírico ou um exemplo de “rage bait” — quando alguém publica algo controverso de propósito para irritar os internautas de forma a ganhar atenção e comentários. “Ela deve a dizer isto para provocar raiva? Porque se for verdade, ele precisa de se livrar dela!”, comentou um internauta. “Isto é sátira? Lol”, perguntou outra.
Apesar das críticas e das dúvidas sobre a autenticidade do vídeo, houve também muitos internautas que se mostraram adeptos da ideia, lembrando as grandes desigualdades de género que ainda existem no trabalho doméstico, que é muitas vezes desvalorizado. “Eles são felizes a pagar a qualquer um, menos às mulheres em casa”, apoiou uma comentadora.
Outros lembraram que o valor cobrado por Rae ainda é muito mais barato do que seria numa loja. “Ele está a ter retorno pelo que gastou“, comentou uma pessoa. Já outra prefere pagar por uma refeição feita em casa do que feita por uma “loja anti-higiénica”.
A ideia parece estar a inspirar outras mulheres a fazer o mesmo. “Posso cobrar pelo pequeno-almoço e pelo jantar também?”, questionou uma. Outras preferiram deixar na totalidade de trabalhar de graça para os maridos: “Parei de fazer isso para o meu marido há anos, trabalho em tempo integral como ele e ele não faz o meu almoço, então não vou fazer um para ele“.
O caso surge num contexto mais amplo de debates online sobre os papéis tradicionais e modernos da mulher e sobre questões como o trabalho doméstico invisível e a carga mental.
Recentemente, o estilo de vida “tradwife” (esposa tradicional) também tem suscitado discussão no TikTok, com várias influencers a partilhar o seu quotidiano de domésticas, acompanhado por uma estética dos anos 50.
Enquanto alguns aplaudem o regresso aos papéis de género tradicionais do século passado e o maior envolvimento das mães na criação dos filhos, outros criticam o que consideram ser um retrocesso e um estilo de vida que deixa as mulheres mais dependentes e vulneráveis. Muitos apontam a possibilidade de os maridos usarem o controlo financeiro como uma forma de abuso ou o risco que as mulheres assumem ao não terem experiência profissional em caso de divórcio ou se algo acontecer aos parceiros que os impeça de trabalhar.
Há ainda quem considere que esta tendência é irrealista devido aos ordenados pagos hoje em dia, que tornam praticam impossível sustentar uma família com só um salário.
@esteecwilliams To be a housewife is a high calling #PlutoTVIsFree #fyp #AmazonMusicProudHeroes #feminine #50shair #housewife #homemaker #sahw #tradwife #traditional #blonde #grandmahair #50sstyle ♬ Right Back Where We Started From – Minecrafter2011
Rae representa um modelo diferente de empoderamento doméstico, onde cuidar também pode ser uma forma de assegurar alguma independência fianceira do marido. A britânica sublinha que não se trata de ganância, mas de reconhecimento justo do seu trabalho. “Gosto de cuidar da minha família, mas também valorizo o meu tempo e o que faço”, remata.
Acho que sim, e declarem esse dinheiro as Finanças. Espera já temos um nome para esse de prestação de serviços . e não é esposa. Existe pessoas que não foram feitas para viverem juntas ou se casarem, e é normal, mas não façam os outros infelizes se casarem com eles apenas com o intuito de extorquir dinheiro para alimentar os vossos vícios e não fazer nada na vida.
Quando chego a casa a minha já tem o comer feito. Assim se diz em bom português.
Concordo muito com o anuncio anterior. O que acontece em muitas situações não é mais do que um abuso, e exploração doméstica e até mesmo propositada e maliciosa. Têm tempo e dinheiro para tudo, mas em casa é onde ele falta , então estejam sozinhos, pois não têm competência para vida familiar.
Marido e marida (mas se amigados, são namorados) vão no caaarrro e acontece um furo numa roda. Ele faz o trabalho sujo e a madame olha para as nails de gel de três centímetros. Moral da história: ela deve pagar ao seu esposo metade do custo da obra ser fosse feita por um mecânico. Isto em democracia, claro. Muita paciência para viver com uma mulher. E o estranho é que o pessoal gosta.
Imagino que os maridos também vá cobrar as espisas pelis serviços que lhes prestam. Seja pequenos serviços de bricolage em casa ou outros. Acho uma boa ideia. Assim não é necessário casar…
Deverão os homens cobrar ás mulheres pela manutenção dos seus veúculos automóveis? Não esquecer que uma refeição no Macdonalds custa 10 euros, uma ida ao mecânico pode custar 500 euros!
Bem, e quando vão começar a cobrar as quecas que dão? Será que não sai mais barato fazer outsourcing?
Concordo plenamente, desde que seja ela a comprar os produtos com que faz a refeição do bolso dela…
E acho que devem cobrar pelos almoços e não só…!