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O que é o Anel de Fogo do Pacífico?

TomoNews US

Anel de Fogo do Pacífico

O nome Anel de Fogo, que é muito contestado entre os investigadores, designa uma cintura em forma de ferradura com centenas de vulcões, muitos dos quais ativos, conhecidos pelas suas erupções explosivas e sismos intensos — os maiores do nosso planeta.

O Anel de Fogo é um enorme cintura de vulcões, ativos e adormecidos, que rodeia a maior parte do Oceano Pacífico.

Estende-se desde o sul do Chile, subindo pela costa oeste das Américas, passando pelas ilhas ao largo do Alasca e descendo pelo Japão até às Filipinas.

Alguns geólogos incluem também uma cadeia indonésia de vulcões no anel.

Estes vulcões surgem devido à subducção — o movimento de uma placa tectónica por baixo de uma placa vizinha — que diminui o ponto de fusão da rocha no manto. A rocha transforma-se em magma, sobe à superfície e irrompe como um vulcão.

Mas o Anel de Fogo faz esta subducção numa escala massiva. “O que é especial no Anel de Fogo é que múltiplas placas oceânicas no Pacífico têm fronteiras de subducção aí”, explica Loÿc Vanderkluysen, vulcanólogo da Universidade Drexel na Filadélfia, à Live Science.

Cerca de 90% dos 55.000 quilómetros de fronteiras de placas de subducção na Terra encontram-se no Pacífico, detalha Vanderkluysen.

Este movimento tectónico também causa sismos. Quando uma placa é forçada por baixo de outra, “há muito atrito e resistência enquanto as placas se friccionam uma contra a outra”, explica também Jeffrey Karson, professor emérito de tectónica da Universidade de Syracuse em Nova Iorque, à Live Science. “E é aí que ocorrem os maiores sismos do nosso planeta“.

O Anel de Fogo contém cerca de 75% dos vulcões ativos da Terra e é onde ocorrem 90% dos sismos registados.

Este nome é muito contestado entre os investigadores. “Muitos cientistas detestam o termo“, diz Vanderkluysen.

Por um lado, não é realmente um anel completo. Os vulcões seguem as bordas das placas tectónicas, que apenas fazem subducção no norte, este e oeste do Pacífico. Além disso, algumas áreas do anel não têm vulcanismo nenhum, como o Peru e o centro do Chile.

Para além disso, o Anel de Fogo inclui mais de 450 vulcões em regiões distintas. E todos diferem na sua produção de magma, armazenamento e no posicionamento da sua placa em subducção, diz Vanderkluysen.

Cada vulcão tem a sua própria história individual e características que, de uma perspetiva de investigação, é mais eficaz estudar individualmente em vez de tentar ligar todos os vulcões do Anel de Fogo que de outra forma não estão geologicamente ligados”, acrescenta.

Alguns cientistas acreditam que o termo ganhou um significado falso na cultura popular, com a implicação de que é uma grande estrutura, diz Erik Klemetti, vulcanólogo da Universidade Denison em Granville, Ohio, à Live Science.

“Funciona bem como uma forma de descrever o facto de que há imensos vulcões ao longo da borda do Pacífico, mas o anel é apenas uma coincidência geográfica do nosso momento atual na Terra”, detalha.

“Uma grande ideia errada é a noção catastrofista de que todos os vulcões no Anel de Fogo estão interligados e que uma erupção ou sismo numa localização pode desencadear toda a região com consequências dramáticas”, nota Vanderkluysen.

Embora seja claro para os cientistas que uma erupção no Japão não irá desencadear uma erupção no Chile, por exemplo, o termo é por vezes usado para sugerir que é possível, disse.

A investigação sobre o Anel abrange muitos campos. Cerca de 2/3 dos vulcões que entraram em erupção na Terra desde 1960 estavam no anel, por isso “devido aos números absolutos, a região do Pacífico é um imenso laboratório natural para o vulcanismo, e o vulcanismo explosivo em particular”, diz Vanderkluysen.

Klemetti espera que a investigação do Anel de Fogo revele eventualmente o funcionamento interno dos vulcões que ocorre quilómetros abaixo do nível do mar. Nos próximos 10 ou 20 anos, pensa que os cientistas podem aprender sobre onde e como o magma é armazenado entre erupções, quanto tempo demora o magma a aquecer e compreender mais sobre a transição da dormência para a erupção.

Também os sismólogos estudam o Anel de Fogo, já que mais de 80% dos sismos com magnitude 8,0 ou superior ocorreram no Anel. Os investigadores podem estudar estes sismos para aprender mais sobre como a tensão se acumula nas zonas de subducção antes de sismos poderosos, diz Butler.

A vasta quantidade de dados ajuda os cientistas a diferenciar entre tipos de eventos extremos e as suas causas. “É um problema geral que precisamos de resolver em geologia, as diferenças entre eventos frequentes, não muito sérios, e aqueles que ocorrem raramente mas são super-devastadores”, disse Butler.

Analisar vulcões e sismos no Anel de Fogo pode ajudar os cientistas a melhorar a previsão de perigos extremos para erupções vulcânicas. Os cientistas estimam que cerca de 800 milhões de pessoas — aproximadamente 10% da população mundial — vivem num raio de 100 quilómetros de um vulcão ativo.

ZAP //

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