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Um terço da vida na reforma é demais – ministra alemã olha para os EUA (e não é para as tarifas)

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Filip Singer / EPA

Katherina Reiche, ministra da Economia da Alemanha

Katherina Reiche repete a ideia: os alemães precisam de trabalhar mais e durante mais tempo. E olhem como se faz nos EUA.

O apelo não é novo: ao longo deste ano, o chanceler Friedrich Merz já disse que quer que os alemães “precisam de trabalhar mais e, sobretudo, de forma mais eficiente.

Em parte, é uma luta contra a muito comentada semana de 4 dias, admitiu o próprio Merz: “Com uma semana de 4 dias e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, não conseguiremos manter a prosperidade deste país”.

Embora essa ideia de trabalhar mais possa ser um erro, agora é a ministra da Economia da Alemanha que a repete: “A mudança demográfica e o aumento contínuo da expectativa de vida tornam isso inevitável: a vida activa precisa de aumentar“.

“De qualquer forma, não pode ser algo bom a longo prazo trabalharmos apenas dois terços da nossa vida adulta e passarmos um terço da vida na reforma. Temos que trabalhar mais e por mais tempo“, reforçou Katherina Reiche em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine.

O sistema de segurança social na Alemanha está “sobrecarregado”, porque as pessoas vivem até cada vez mais tarde – e a ministra avisa que também é preciso trabalhar até mais tarde, para sustentar esta nova demografia. Há muitas pessoas que recusam aceitar a nova realidade demográfica há muito tempo, queixa-se.

Katherina Reiche falou sobre a economia nos EUA – e, desta vez, não foi para se queixar das tarifas impostas por Donald Trump ao longo dos últimos meses.

Em conversas com empregadores, a ministra soube que, nos EUA, os funcionários trabalham 1.800 horas por ano; na Alemanha, e na mesma empresa, os funcionários trabalham 1.340 horas por ano. “Em comparação internacional, os alemães trabalham menos, em média”, criticou Reiche.

A ministra da Economia vê uma combinação perigosa: o possível colapso da segurança social, os custos laborais não relacionados com o salário, os impostos e as taxas – tudo isto “tornará a mão de obra não competitiva na Alemanha a longo prazo”.

Em relação aos números recentes sobre a economia na Alemanha, que apontam para melhores previsões de crescimento, Katherina Reiche não entra em festejos precipitados: “A economia pode arrefecer novamente após as exportações antecipadas da Primavera”.

ZAP //

6 Comments

  1. Então mas não era as novas tecnologias e a IA que substituiria muitas das tarefas, trazendo mais tempo de lazer para todos? Não haveria desemprego tecnológico? Esta medida vai em contra ciclo do que afirmam por um lado.

    Se a questão é do financiamento da Segurança Social, porque não uma contribuição do lado dos sistemas informáticos, robótica e IA ? Já que retiram empregos….

    E claro, se cada um de nós trabalhar mais, não só é mau para a sua saúde e qualidade da produção, mas também gera mais desemprego.

  2. Isto não tem nada a ver com produtividade. Simplesmente não querem ter que pagar em reformas o que tiraram em descontos ao longo da carreira.

    E sabem porquê? Porque os feudalistas das Amazons e afins não pagam impostos e desequilibram o sistema todo. Mas contra eles nem um piu.

    Só contribuí para o sistema quem está abaixo do limiar do paraíso fiscal.

  3. O real problema é que o sistema de pensões devia ter um limite máximo de cerca de 2000€ e um mínimo de 500€. Sejam pensionistas ou reformados do estado ou do sector privado.
    Acima desses valores é um roubo, um pensionista vive bastante bem com cerca de 1000€ de pensão. Há imensos trabalhadores que recebem muito menos e têm que se virar…

    • Roubo é desfinanciar a segurança social impondo tectos às contribuições, roubando a quem andou uma vida a descontar a possibilidade de receber uma reforma em conformidade com o que descontou.

      • Não é “roubo”. Com a atual esperança de vida, as pessoas recebem mais durante a reforma do que descontaram enquanto trabalharam. E isto é insustentável.

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