Centeno vai sair do Banco de Portugal. Ninguém lhe diz quando

André Kosters / Lusa

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno

O Governo adiou o anúncio que estava previsto esta sexta-feira sobre quem será o sucessor de Centeno na chefia do Banco de Portugal. O impasse pode levar a que a substituição só aconteça em setembro.

O mandato de Mário Centeno como governador do Banco de Portugal termina este sábado, mas a indefinição sobre o seu sucessor está a prolongar a permanência do economista no cargo. De acordo com o Expresso, o Governo ainda não comunicou a Centeno até quando terá de permanecer em funções, uma vez que o processo de substituição está atrasado.

Segundo o Jornal de Negócios, Luís Montenegro só fechou a escolha do novo líder do banco central na quarta-feira, após várias hipóteses terem caído. Entre os nomes sondados estiveram Vítor Gaspar, atual diretor do departamento de finanças públicas do FMI, que terá optado por outro desafio, e Ricardo Reis, economista português radicado nos EUA, que também recusou.

A demora na nomeação cria um problema adicional: a audição obrigatória do novo nome no Parlamento, que entra em pausa para férias na próxima semana. A alternativa seria uma audição de emergência, dependente de acordo entre partidos. Sem isso, Centeno poderá permanecer no cargo até setembro, quando regressarem os trabalhos parlamentares. Na quinta-feira, o atual governador participará ainda na reunião mensal do Banco Central Europeu, que poderá decidir uma nova redução das taxas de juro, sem saber quem será o seu sucessor.

Historicamente, as nomeações para o Banco de Portugal cumprem os prazos, como ocorreu há cinco anos com a saída de Carlos Costa. Além disso, a tradição tem sido reconduzir governadores para um segundo mandato, algo que não acontecerá desta vez.

De acordo com informações recolhidas pelo Expresso, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, terá sido novamente afastado do processo de escolha. Embora o Palácio de Belém não confirme, esta não seria a primeira vez que tal acontece. Marcelo já se queixou publicamente de saber das decisões do primeiro-ministro à última hora, como no caso da nomeação de Amadeu Guerra para a Procuradoria-Geral da República.

ZAP //

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