NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS

Mistério resolvido? Nova investigação sugere que o Planeta Vermelho passou a maior parte da sua história recente como um deserto árido, com curtos períodos de habitabilidade.
Há uma nova teoria para explicar o desaparecimento da água de Marte, o nosso vizinho que já teve, outrora, um oceano de água líquida.
A nova investigação, liderada pelo cientista planetário Edwin Kite, da Universidade de Chicago, foi publicada na Nature a 2 de julho e recorre a dados recolhidos pelo rover Curiosity da missão Mars Science Laboratory da NASA para explicar um dos maiores mistérios da ciência planetária.
A investigação sugere que o Planeta Vermelho passou a maior parte da sua história recente como um deserto árido, com curtos períodos de habitabilidade.
As paisagens marcianas, repletas de vales escavados por rios antigos, indicam que Marte teve, em tempos, um clima quente o suficiente para permitir a existência de água líquida à superfície. No entanto, hoje, é um mundo frio e seco.
A nova investigação propõe que esta transformação não foi causada por um único evento catastrófico, mas sim por ciclos naturais impulsionados pelo lento aumento da luminosidade do Sol ao longo de milénios, adiantam os investigadores à SciTechDaily.
O modelo desenvolvido por Kite e pela sua equipa mostra que, à medida que o Sol se tornava gradualmente mais brilhante — cerca de 8% por cada mil milhões de anos —, criavam-se breves períodos em que Marte poderia ter água líquida à superfície. No entanto, essa água iniciava reações químicas que removiam o dióxido de carbono da atmosfera, formando minerais carbonatados e arrefecendo o planeta novamente.
Este ciclo autorregulado faria com que os períodos habitáveis fossem curtos e seguidos por longas fases de aridez que podiam durar até 100 milhões de anos.
Ao contrário da Terra, que mantém um equilíbrio climático graças ao ciclo do carbono — no qual o CO2 atmosférico é reciclado entre o céu, o solo e os vulcões — Marte está atualmente vulcanicamente inativo. Isso significa que o CO2 retirado da atmosfera através da formação de carbonatos não é reposto, tornando o planeta cada vez mais seco e frio.
Esta hipótese foi fortalecida por uma descoberta recente do Curiosity: a identificação de rochas ricas em minerais carbonatados na encosta do Monte Sharp.
Durante anos, os cientistas procuraram evidências de onde poderia ter ido parar a antiga atmosfera marciana, rica em dióxido de carbono. A ausência de grandes depósitos de carbonatos era uma peça em falta no puzzle, mas a descoberta feita pelo Curiosity veio confirmar que parte da atmosfera pode ter sido armazenada nas rochas.
Estes dados ajudam não só a compreender melhor a história de Marte, mas também a refinar a busca por mundos habitáveis fora do Sistema Solar.