Gaza: terão morrido mais 30 mil pessoas do que as estimativas do Hamas apontam

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Mohammed Saber / EPA

Residentes de Gaza fogem do campo de refugiados Al Shatea durante combates entre o exército israelita e o Al Qassam

Novo estudo independente estima 75 mil “mortes violentas” em Gaza, o que supera em 30 mil os números oficiais do Ministério da Saúde de Gaza controlado pelo Hamas.

Um novo estudo independente estima que cerca de 75 mil pessoas — o equivalente a 3,6% da população da Faixa de Gaza — morreram por causas violentas entre 7 de outubro de 2023 e 5 de janeiro de 2025.

O número é significativamente maior ao registado oficialmente pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamista palestiniano Hamas, e considerado fiável pela ONU — que aponta para cerca de 46 mil mortes no mesmo período.

A nova estimativa, conduzida por uma equipa da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, liderada por Debarati Guha-Sapir, baseia-se em inquéritos realizados a 2000 lares selecionados aleatoriamente, nos quais os entrevistados foram convidados a indicar os membros da família antes do início da guerra e a situação atual de cada um.

Apesar das dificuldades de acesso a certas zonas, devido aos combates em curso e às ordens de evacuação israelitas, os investigadores acreditam que essas lacunas terão conduzido a uma subestimação e não a uma inflação dos números, aponta a indiana citada pelo New Scientist., destacando que os critérios do Ministério da Saúde de Gaza para contabilizar mortes são muito rigorosos. Excluem, por exemplo, casos em que os corpos não foram recuperados – como vítimas soterradas em túneis.

A nova estimativa refletirá assim o impacto real do conflito de forma mais precisa, acreditam os investigadores.

Além das mortes diretas, o estudo calcula ainda a existência de cerca de nove mil mortes não violentas acima do esperado durante o mesmo período – a primeira estimativa independente do impacto indireto da guerra. Estas mortes podem resultar de fatores como a destruição de infraestruturas de saúde, falta de acesso a medicamentos e agravamento das condições de vida.

O novo estudo traz novos, assustadores números, mas não é o primeiro a apontar para um número de mortes muito acima do oficial.

Em fevereiro do ano passado, uma outra estimativa — apoiada pela ONU — apontava para um número inflacionado, mas baseava-se em dados recolhidos através de inquéritos online e obituários em redes sociais, o que não a torna tão fiável.

No entanto, Francesco Checchi, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, responsável pelo estudo de fevereiro, contrapõe que a metodologia usada não é necessariamente menos precisa, embora reconheça que a nova investigação é mais recente e inclui dados sobre mortes indiretas.

Por outro lado, uma carta publicada na revista The Lancet em 2024 sugeria que o número total de mortes em Gaza poderia atingir os 186 mil, com base numa proporção observada em outros conflitos, como no Sudão, em que há quatro mortes indiretas por cada morte direta. Mas antes da guerra, a região tinha condições muito diferentes das do Sudão, nomeadamente em termos de pobreza extrema e acesso à saúde, argumentam os autores do novo estudo.

Sem cessar-fogo à vista, uma coisa é certa: o número de mortes só vai continuar a aumentar.

ZAP //

1 Comment

  1. Quero ver esses corpos 75 mil…. Com esse número andavam em cima de cadáveres. Quando acontece um desastre natural levam meses se não for anos a contabilizar os mortos. Estes “independentes” contabilizam no Facebook? Devem meter um número no saco e o primeiro é o que dizem ser.

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