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Estado alemão acaba completamente com software Microsoft

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Staatskanzlei

O Ministro da Digitalização do estado alemão de Schleswig-Holstein, Dirk Schrödter

O estado mais setentrional da Alemanha vai eliminar completamente o software Microsoft dos gabinetes governamentais — e substitui-lo por soluções de código aberto. A mudança, com a qual se pretende garantir segurança dos dados e poupar dezenas de milhões de euros, estará concluída em 3 meses.

Os gabinetes governamentais do estado de Schleswig-Holstein, no noroeste da Alemanha, vão deixar de usar todo o tipo de software Microsoft — do sistema operativo Windows aos programas Word e Excel incluídos no Office, passando pela plataforma de videochamada Teams.

Esta é uma das mais extremas ruturas até agora na Europa com as gigantes tecnológicas norte-americanas, diz a ZD Net, numa altura em que em todo o continente se intensificam as preocupações com a soberania digital.

Acabámos com o Teams!” anunciou esta semana o Ministro da Digitalização do estado alemão, Dirk Schrödter, através de uma plataforma de vídeo de código aberto alternativa ao Teams.

Schrödter adiantou que 30.000 funcionários públicos, agentes policiais e magistrados de Schleswig-Holstein irão abandonar o conjunto de produtos da Microsoft até setembro. Outros 30 mil funcionários públicos, maioritariamente professores, darão posteriormente o salto para o open source.

A mudança afeta tudo, de aplicações de email e processamento de texto até ao sistema operativo. Em todos os computadores governamentais, o Windows irá ser substituído por uma instalação Linux.

O anúncio posiciona Schleswig-Holstein como o primeiro estado alemão a eliminar completamente os produtos Microsoft da administração pública, uma decisão que os responsáveis enquadram como essencial para proteger os dados dos cidadãos e reduzir a dependência de empresas tecnológicas estrangeiras.

No âmbito da migração, o LibreOffice irá substituir o Word e Excel, enquanto o Open-Xchange e Thunderbird irão gerir as funções de email e calendário anteriormente geridas pelo Outlook.

Schrödter ligou diretamente a decisão às tensões geopolíticas, dizendo que “a guerra na Ucrânia revelou as nossas dependências energéticas, e agora vemos que também há dependências digitais“.

“Devemos garantir que estamos sempre no controlo das soluções informáticas que utilizamos e que podemos agir independentemente como estado”, disse Schrödter.

O ministro adiantou que outros governos estaduais já solicitaram informações  sobre como replicar o modelo.

Além de garantir que dados governamentais sensíveis permanecem sob jurisdição alemã, Schrödter espera com esta medida resulte numa poupança de dezenas de milhões de euros em licenças de software e nos “custos imprevisíveis de atualizações obrigatórias” — uma aparente referência à migração do Windows 10 para Windows 11.

O estado está a testar alternativas ao software Microsoft desde  2021, altura em que começou a avaliar o LibreOffice em 25.000 computadores governamentais.

A transição acarreta riscos, nota a ZD Net: tentativas europeias anteriores de abandonar a Microsoft falharam. Foi o caso de Munique, que trocou o Windows por uma distribuição Linux em 2004.

A mudança durou uma década, ao fim da qual a administração pública da capital da Baviera regressou ao Windows — em grande parte porque o presidente da câmara queria que a Microsoft mudasse a sua sede europeia para Munique.

Há no entanto vários exemplos de migrações bem sucedidas de organismos governamentais para soluções de código aberto — como é o caso da Gendarmerie, a polícia francesa, que usa há mais de uma década uma distribuição Ubuntu do Linux.

Entretanto, Caroline Stage, ministra da Digitalização da Dinamarca — que, curiosamente, faz fronteira com Schleswig-Holstein — anunciou no início deste mês, numa entrevista no Politiken, que toda a administração pública irá deixar de usar soluções Microsoft e migrar para software de código aberto até ao fim do ano.

Segundo o jornal dinamarquês The Local, a medida, que esteve a ser testada em algumas das principais cidades do país, foi acelerada após a escalada de tensão com os Estados Unidos — cujo presidente, Donald Trump, manifestou a intenção de anexar a Gronelândia.

ZAP //

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