A informação pode ser armazenada no gelo durante milénios, simplesmente fazendo alterações subtis no formato e na posição das bolhas internas, que podem depois ser convertidas em códigos binários ou Morse.
Um grupo de investigadores do Instituto de Tecnologia de Pequim estava a estudar a formação do gelo quando perceberam que podiam influenciar o tamanho e o formato das bolhas que se formavam no seu interior.
Por exemplo, ao congelar camadas de água entre folhas de plástico, descobriram que alterar a taxa de congelação criava camadas de bolhas em forma de ovo ou de agulha.
Os investigadores atribuíram então tamanhos, formas e posições das bolhas a caracteres em códigos Morse e binários.
O controlo da taxa de congelação da água entre as folhas de plástico produziu gelo que transmitia uma mensagem através das bolhas internas.
Quando converteram uma fotografia desse gelo para tons de cinzento, as áreas que pareciam brancas representavam regiões de gelo com bolhas, enquanto as áreas pretas não tinham bolhas.
A partir daí, como revelam as conclusões do estudo, publicado esta quarta-feira na Cell Reports Physical Science, um computador conseguiu detetar o tamanho e a posição das bolhas e decifrar a mensagem.
Apenas algumas frases de informação poderiam ser armazenadas num cubo de gelo normal com a tecnologia atual. Porém, é possível que a informação também possa ser armazenada através da manipulação de bolhas dentro de materiais como plásticos, explicou o líder da investigação Mengjie Song, à New Scientist.
O investigador afirma que esta descoberta tem muitas aplicações, além da novidade de se poder ler uma mensagem codificada num cubo de gelo.
“A vantagem deste estudo é a capacidade de armazenamento de informação a longo prazo num ambiente frio, como no Polo Norte ou no Polo Sul“, afirma.
Além disso, refere Song, poderão também contribuir para conservação de alimentos e medicamentos; bem como prevenir a formação de gelo nas asas de aeronaves.