Novo índice fecal pode prever risco de morte iminente: previu com 84% de precisão os casos de mortalidade nos 30 dias seguintes.
Há um novo método para avaliar o risco de morte em doentes em estado crítico. E envolve… as fezes do paciente.
Um novo estudo da Universidade de Chicago e de Amesterdão propõe um índice baseado na análise de metabolitos presentes nas fezes, capaz de prever a probabilidade de mortalidade no prazo de 30 dias.
O inovador metabolic dysbiosis score (MDS), baseia-se na deteção de desequilíbrios na microbiota intestinal — uma condição conhecida como disbiose metabólica — que poderá estar diretamente ligada à gravidade do estado clínico de doentes internados em unidades de cuidados intensivos.
Segundo os investigadores, citados pelo Science Alert e liderados por Alexander de Porto, a abordagem poderá vir a ser uma ferramenta útil na medicina de precisão, ao ajudar a identificar os doentes com maior risco e a orientar estratégias de tratamento mais eficazes.
Para criar o MDS, os cientistas analisaram amostras fecais de 196 doentes com falência respiratória ou choque séptico, divididos entre um grupo de treino (147 doentes) e um grupo de validação (49 doentes). O índice foi construído com base nas concentrações de 13 metabolitos fecais distintos, incluindo ácidos gordos de cadeia curta, ácidos biliares e metabolitos do triptofano.
Os resultados foram promissores. No grupo de treino, o MDS previu com 84% de precisão os casos de mortalidade, com uma sensibilidade de 89% e uma especificidade de 71%. No entanto, no grupo de validação, apesar de tendências semelhantes, os resultados não atingiram significância estatística, algo que os autores atribuem ao número reduzido de participantes.
Curiosamente, ao contrário do que se pensava, a diversidade da microbiota não parece estar associada ao risco de morte, segundo o estudo publicado na Science Advances a 4 de junho. O que se revelou mais relevante foi o grau de disbiose, o que reforça a importância dos metabolitos intestinais como indicadores independentes do estado clínico dos pacientes.
Apesar do potencial da descoberta, os cientistas sublinham que são necessários mais estudos para validar o MDS em diferentes populações e para investigar se existe uma relação causal entre os metabolitos identificados e o risco de mortalidade.