José Sena Goulão / Lusa

Muito poucas pessoas vivem mais de um século. Assim, se já ninguém tivesse bebés, provavelmente não restariam humanos na Terra dentro de 100 anos.
Se, de repente, toda a gente deixasse de ter filhos, o mundo desmoronaria rapidamente.
Não haveria jovens suficientes a chegar à idade adulta para fazer o trabalho essencial. Não haveria capacidade de a humanidade para produzir alimentos, prestar cuidados de saúde e fazer tudo o resto de que todos dependemos. Os alimentos tornar-se-iam escassos, mesmo havendo menos pessoas para alimentar.
Michael A. Little, professor de antropologia da State University of New York (EUA), escreve num artigo no The Conversation que é provável que a humanidade desmoronasse dentro de 70 ou 80 anos, devido à escassez de alimentos, água potável, medicamentos e tudo o mais que se pode comprar facilmente hoje em dia e que é necessário para sobreviver.
De facto, uma paragem abrupta nos nascimentos é altamente improvável, a menos que ocorra uma catástrofe global.
Pelo contrário, as pessoas têm-se preocupado mais com a possibilidade de haver demasiadas pessoas na Terra, o que causaria diferentes tipos de catástrofes.
Hoje somos 8 mil milhões de pessoas no mundo. Em 1974 éramos 4 mil milhões. Os especialistas que estudam as alterações populacionais preveem que o total atingirá os 10 mil milhões na década de 2080.
O número de pessoas no mundo continua a aumentar.
No entanto, o ritmo desse crescimento tem abrandado.
Cerca de 3,6 milhões de bebés nasceram nos EUA em 2024, contra 4,1 milhões em 2004. Entretanto, cerca de 3,3 milhões de pessoas morreram em 2022, contra 2,4 milhões 20 anos antes.
Diminuição das taxas de natalidade
Em muitos países, as mulheres estão a ter menos filhos ao longo da sua vida reprodutiva do que antigamente. Esta redução é mais acentuada em vários países, incluindo a Índia e a Coreia do Sul.
O declínio das taxas de natalidade que se regista atualmente deve-se, em grande parte, ao facto de as pessoas optarem por não ter filhos ou ter tantos como os seus pais.
Este tipo de declínio populacional pode ser gerido através da imigração de outros países, mas as preocupações culturais e políticas impedem-no frequentemente.
Ao mesmo tempo, muitos homens estão a tornar-se menos capazes de ter filhos devido a problemas de fertilidade. Se esta situação se agravar muito, poderá contribuir para um declínio acentuado da população.
Os Neandertais também foram extintos
A nossa espécie, Homo sapiens, existe há pelo menos 200.000 anos. É muito tempo, mas, tal como todos os animais da Terra, corremos o risco de nos extinguirmos.
Veja-se o que aconteceu aos Neandertais, um parente próximo do Homo sapiens. Apareceram pela primeira vez há pelo menos 400.000 anos. Os nossos antepassados humanos modernos sobrepuseram-se, durante algum tempo, aos Neandertais, que foram diminuindo gradualmente até se extinguirem há cerca de 40.000 anos.
Alguns cientistas encontraram provas de que os humanos modernos foram mais bem sucedidos na reprodução do que os Neandertais. Isto ocorreu quando o Homo sapiens se tornou mais bem sucedido em fornecer alimentos para as suas famílias e também em ter mais bebés do que os Neandertais.
Se os humanos se extinguissem, isso poderia abrir oportunidades para outros animais florescerem na Terra.
Michael A. Little escreve que o mundo precisa de de tomar certas medidas para garantir um futuro longo no nosso próprio planeta. Estas medidas incluem o controlo das alterações climáticas e a prevenção de guerras.
ZAP // The Conversation