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“Pasme-se, camarada!” – há nova tensão no PS e Marco Martins é protagonista

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CM Gondomar

Marco Martins, ex-presidente da Câmara Municipal de Gondomar

“Sou presidente da concelhia, passo na rua e vejo cartazes da candidatura de Luís Filipe Araújo à Câmara, sem saber de nada!”.

Marco Martins deixou de ser presidente do PS/Gondomar. Nesta sexta-feira apresentou a sua demissão ao presidente do partido, Carlos César.

Numa carta enviada à direção do PS, citada no Público, o ex-presidente da Câmara Municipal de Gondomar justifica-se: “Situação de total desrespeito pelos órgãos que tem acontecido ao longo dos últimos meses”.

Na comunicação enviada aos militantes, verifica-se que o problema principal é Luís Filipe Araújo – que era seu vice-presidente, é agora o presidente da Câmara de Gondomar (Marco Martins saiu para liderar a Transportes Metropolitanos do Porto) e é candidato do PS às eleições autárquicas deste ano.

O ex-autarca escreve ter-se disponibilizado, “a pedido de Luís Filipe Araújo e de inúmeros militantes, para ser cabeça de lista à Assembleia Municipal e, assim, ajudar ainda mais o PS”, uma situação que se alterou depois com a “recusa” do atual líder autárquico que afirmou “não precisar do apoio” de Marco Martins.

“Nos últimos meses, em especial desde setembro do ano passado, muita coisa se tem passado, à total revelia do secretariado da comissão política”, escreve.

Marco Martins alega que houve reuniões de coordenadores e encontros de preparação da candidatura autárquica marcadas sem saber; além de contactos com empresas ou contratação de fornecedores.

Candidato sem saber

O exemplo “mais grave”, considera, foram os convites enviados para os órgãos autárquicos, sem qualquer articulação: “Pasme-se camarada, eu ser presidente da concelhia e, há uns dias, passar na rua e ser confrontado com cartazes da candidatura (de Luís Filipe Araújo) à Câmara, sem eu nem o secretariado sabermos de nada!”.

Por isso, considera ser vítima de “um total desrespeito, desconsideração, ostracização e tentativa de apagar quem tanto deu ao PS (…) e de tudo o que foi feito pela câmara”.

Marco Martins acusa ainda o seu sucessor de ter alterado a forma como lidava com ele, nomeadamente a partir de 1 de fevereiro, quando assumiu as funções na autarquia, “cortando com o passado, marginalizando pessoas e travando projetos que estavam em curso”, afirmando “viver-se hoje um clima de medo na Câmara de Gondomar”.

No sentido de resolver a situação, disse ter-se disponibilizado para “esclarecer situações”, mas que “sempre se recusaram a falar” com ele, revelou o ex-dirigente socialista que afirmou ter dado nota do que estava a acontecer “aos órgãos nacionais do partido, incluindo o próprio secretário-geral, e inúmeras vezes ao presidente da distrital do Porto”, a quem disse ter “pedido a intervenção (…) mas que sempre desvalorizou as coisas”.

Após “ter esgotado todas as diligências”, prossegue Marco Martins, decidiu apresentar na sexta-feira ao presidente do PS a demissão do cargo de presidente da concelhia do PS Gondomar com efeitos imediatos.

Marco Martins também anuncia que não vai apoiar o PS nas próximas eleições autárquicas. Não será responsável pelo resultado dos socialistas em Gondomar, avisa.

Dificuldade em deixar o cargo

Carlos César, presidente do PS, elogia o passado de Marco Martins mas deixa uma crítica à atualidade: “O Marco Martins foi um bom presidente de Câmara, mas, como várias vezes acontece, há políticos que têm grande dificuldade em sair dos cargos que ocuparam muito tempo e que conflituam com os seus sucessores. Foi o caso”.

Em declarações ao Jornal de Notícias, Carlos César acrescenta que o que interessa ao PS em Gondomar é “não ficar preso ao passado e continuar em frente, inovando e renovando as nossas candidaturas”.

“É o que estamos a fazer com o Luís Filipe Araújo, que é o nosso candidato a presidente de Gondomar, escolhido democraticamente pela concelhia local do PS”, assegura.

O JN reforça que a direção nacional do PS e a distrital do Porto apoiam a candidatura de Luís Filipe Araújo.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Por estas parvoíces, é que o meu voto cá em Lisboa, vai mudar (ao fim de 50 anos de ser PS). Ainda nestas eleições acreditei e votei PS… para mim basta, nao acredito mais em politicos, sejam de que partido forem… basta de ser enganado por ADVOGADOS.

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  2. PS desde o socrates virou CIRCO. Tiveram medo do PASSOS, e o povo meio iliterado votou PS que mesmo assim só foi governo com a extrema-esquerda…
    Hoje temos um Buxxo no PSD que tem medo do CHEGA e porpue será???

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  3. O episódio em Gondomar expôs com clareza a arrogância e a opacidade política de Pedro Nuno Santos, um completo trauliteiro. O ex-presidente da Câmara, um socialista com passado e peso no concelho, foi surpreendido por outdoors anunciando um candidato escolhido à sua revelia — um gesto que ilustra como, no projeto de Pedro Nuno, os militantes não passavam de figurantes descartáveis. Era uma palhaçada autocrática: escolhia candidatos à socapa, ignorava os militantes e tratava as bases do partido como lacaios. Este caso, entre outros, foi uma encenação autoritária: decisões tomadas à porta fechada, desrespeitando os alicerces do partido e ignorando completamente quem constrói o PS no terreno. O caso de Gondomar não foi isolado; foi apenas mais uma demonstração de como se tenta substituir a política pela imposição, a militância pela obediência, e o diálogo pela propaganda.
    Isto não era liderança. Era prepotência disfarçada de estratégia. Era o político no seu expoente mínimo. Como poderia um gajo destes ser governante de um país? Foi por isso que o povo o cilindrou nas últimas eleições legislativas.

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