Nos anos 30 do século XIX, o mais comum era dizer que tudo estava bem, por extenso — all correct. Mas duas famosas letras vieram simplificar o discurso, após algumas sátiras pelo meio.
Quem diria que uma palavra tão simples, uma das mais pequenas de todos os dicionários, pudesse acarretar uma história tão complexa? “Ok” já foi uma brincadeira, um símbolo de uma campanha política e é agora considerado uma resposta algo rude nas redes sociais.
A sua história teve início nos EUA, mais propriamente na expressão “all correct”, que em português significa “tudo bem”, ou “tudo certo”. Segundo descreve no Instagram o linguista Marco Neves, nos anos 30 do século XIX havia entre os jornalistas norte-americanos uma moda que consistia em brincar com erros ortográficos e abreviaturas.
Uma delas soa familiar: O.K.K.B.W.P., que apareceu pela primeira vez num jornal nova-iorquino. Esta abreviatura, explica o dicionário Merriam-Webster no seu site, surgia no contexto de uma jovem a pedir ao namorado “one kind kiss before we part”, ou seja, “um beijo carinhoso antes de nos separarmos”.
Talvez inspirado nesta abreviatura amorosa, surgiu uma mais simples: “all correct“, que os iletrados escreveriam como se lê, ou seja, “oll korrect“, abrevia-se com O.K.. Mas esta era apenas uma entre as milhares de abreviaturas que existiam na época. Porque se popularizou até se tornar uma palavra universal para quase todas as línguas do mundo?
O segredo estava na política. Em 1840, Martin Van Buren candidatou-se à presidência dos EUA. Para slogan de campanha, os seus apoiantes começaram a usar uma abreviatura da sua alcunha “Old Kinderhook”, que adquirira devido à sua terra natal, Kinderhook. Para apelar ao voto em Van Buren, passou então a gritar-se “O.K.”.
Alguns anos mais tarde, a palavra voltou a fazer manchetes, quando um jornal americano decidiu fazer uma piada — novamente política — sobre o antigo presidente Andrew Jackson, que era conhecido entre os populares por não ter grandes capacidades no que toca à escrita. Para brincarem com a sua ignorância, os autores de uma coluna desse jornal escreviam que o presidente pedia aos secretários para escrever “O.K.” (“oll korrect”) nos documentos que assinava.
A história brincalhona espalhou-se por todo o mundo, e o resto da história é conhecida. Recentemente, sabemos que “ok” — ou pior, “k” — não é uma forma de agradar a um interlocutor virtual. “Ok” passou de um termo de concordância genérica a uma resposta brusca, que exige mais desenvolvimento. Caminha para onde caminhar o futuro desta palavra, quer escreva O.K., “ok”, ou “okay”, está sempre all correct.