TIAGO PETINGA/LUSA

Tendo em conta as últimas cinco temporadas, em 19 títulos nacionais possíveis, o Benfica ganhou três. O presidente Rui Costa não quer, por agora, pensar sobre a sua continuidade. A única garantia é que Bruno Lage fica… e Di María sai.
Após o empate do Benfica frente ao SC Braga, este sábado, à mesma hora que o Sporting festejava o bicampeonato, Rui Costa falava aos jornalistas sobre o futuro do Benfica.
O presidente das águias garantiu que o treinador Bruno Lage vai continuar no comando.
“O Bruno Lage vai começar a próxima temporada”, assegurou Rui Costa, em declarações aos jornalistas, após o empate 1-1 em Braga, que deixou o Benfica sem possibilidade de lutar pelo título.
Para Rui Costa, “Bruno Lage nunca foi um problema para o Benfica“, lembrando que o técnico “chegou já com a época a começar, ganhou a Taça da Liga, está na final da Taça de Portugal e lutou até ao fim no campeonato”, razão pela qual o presidente das ‘águias’ diz ser “o menos culpado desta situação”.
À mesma hora, o Sporting vencia o Vitória SC (2-0) e assegurava o segundo campeonato seguido, com Rui Costa a dar os parabéns aos leões: “Dar os parabéns ao Sporting, que foi mais competente do que nós”.
E Rui Costa? Continua?
No final da noite de sexta-feira, começaram a circular rumores de que o atual presidente do Benfica estaria a ponderar não concorrer às eleições de outubro caso não conseguisse levar o clube à conquista do campeonato.
Segundo o Correio da Manhã, esse cenário de não continuidade circula nos bastidores da Luz há alguns meses.
Questionado sobre essa possibilidade, no final do jogo de ontem, Rui Costa referiu que “não é tempo para pensar nisso”.
“O meu foco é estar concentrado nos propósitos da equipa e, neste momento, ainda temos uma Taça de Portugal e um Mundial de clubes para jogar. A seu tempo, saberei decidir o que é melhor para mim e para o Benfica. Nunca me coloquei acima do Benfica”, disse.
Quem sai é Di María
Sobre a continuidade de Di María, Rui Costa quis fazer do tema tabu, referindo que “é um jogador que está sem contrato” e que o clube da Luz vai analisar com o próprio essa questão.
No entanto, logo a seguir, o craque desfez as dúvidas, através de uma publicação nas redes sociais, onde escreveu que aquele havia sido o seu último encontro com a camisola do Benfica no campeonato.
“Dói muito terminar desta maneira, depois um ano tão longo. Foi o meu último jogo de campeonato com esta camisola e estou orgulhoso de poder tê-la vestido novamente”, escreveu, acompanhada por uma foto em que se mostrava emocionado, depois do encontro de Braga.
Ver esta publicação no Instagram
Contudo, Di María lembrou que o Benfica ainda vai disputar a final da Taça de Portugal, em 25 de maio, frente ao Sporting, não revelando se vai continuar nos ‘encarnados’ no Mundial de clubes.
“Falta uma final no domingo e vamos com toda a vontade e alegria para a conquistar. Juntos como sempre. Obrigado pelo apoio benfiquistas”, escreveu o campeão do mundo, de 37 anos.
Formado no Rosário Central, o craque argentino estreou-se na Europa no Benfica em 2007/08, passando três temporadas na Luz, antes de se transferir para o Real Madrid, passando depois por Manchester United, Paris Saint-Germain e Juventus, antes de regressar ao Benfica em 2023/24.
Regresso ao Vietname?
Tendo em conta as últimas cinco temporadas, em 19 títulos nacionais possíveis, o Benfica ganhou três.
Por seu turno, o FC Porto ganhou oito; o Sporting seis; e o SC Braga dois.
No próximo domingo, Benfica e Sporting disputam o 20.º título dessa contagem.
3 títulos conquistados nos últimos 19 possíveis.
3 em 19. Não tenho mais nada para dizer. pic.twitter.com/XN6DkHLmog
— Hugo (@Hugo_da_silvaaa) May 17, 2025
Nas redes sociais, os adeptos benfiquistas têm expressado indignação perante este cenário, acusando a atual direção benfiquista de falta de exigência.
Muitos recordam os “tempos do Vietname” – fase nos anos 90/início deste século em que o Benfica esteve 11 anos sem ser campeão nacional, devido a uma crise sem precedentes, na Luz -, num sentimento que já vem de épocas passadas.
Em 2020, o adepto do Benfica Filipe Inglês descreveu, numa crónica no Zerozero, o que foram os tempos difíceis do Vietname: “Todos os adeptos sentiram que tiveram que ir à guerra numa selva perdida no meio do nada com uma pedra e uma lança nas mãos e da qual ficaram a precisar de apoio psicológico para o resto da vida“.
“Já [mais de] 20 anos passaram desde o Vietname, mas os seus efeitos ainda se sentem e muito. (…) O clube que (…) era dos herdeiros de Eusébio, que não podiam ficar um ano que fosse sem conquistas, passou a ser um clube que já aceita com uma certa naturalidade perder títulos (…) E que se compara muitas vezes ao Vietname para achar que o que existe agora já é bem bom (…) Que acha até uma ingratidão ou irresponsabilidade alguém dizer o contrário (…) Ainda arranja, [mais de] vinte anos depois, desculpas no Vietname para justificar a incompetência da derrota do presente”, escreveu, em dezembro de 2020, a meio de uma época que o Benfica iria acabar sem qualquer título conquistado.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa