Greve: vai acabar na CP, mas vai começar na Carris

Último dia de paralisação na CP é o que tem menor impacto. Mas no início de junho já arranca uma greve na Carris, que afeta o Santo António.

Os maquinistas e os revisores da CP cumprem hoje o último dia de greve em defesa de aumentos salariais e da negociação coletiva, uma paralisação que tem gerado vários constrangimentos à circulação.

As greves convocadas por vários sindicatos da CP tiveram início em 7 de maio e prolongam-se até hoje.

Os trabalhadores reivindicam aumentos salariais, a implementação de um acordo de reestruturação das tabelas salariais e a defesa da negociação coletiva.

O último dia de greve parcial levou à supressão de 59 comboios dos 250 programados entre as 00:00 e as 08:00, a maioria comboios regionais, segundo a CP.

Os comboios regionais foram os mais afetados, tendo sido suprimidos 31 dos 67 programados. Nos de longo curso, dos 13 previstos não se realizaram sete ligações, segundo dados enviados pela CP – Comboios de Portugal à agência Lusa.

Nas ligações urbanas de Lisboa foram cumpridas todas as ligações previstas (111) e nos do Porto foram cancelados 17 dos 52 comboios programados.

Contactada pela Lusa, Luís Bravo, do SFRCI – Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, que convocou a greve parcial de quatro dias, entre as 05:00 e as 08:30 adiantou que a adesão à paralisação foi de 100%, tendo sido apenas cumpridos os 25% dos serviços mínimos estipulados pelo Tribunal Arbitral.

“Hoje, esperam-se apenas alguns efeitos nos comboios de longo curso. Os urbanos estarão normalizados”, adiantou Luís Bravo.

De acordo com o sindicalista, a greve demonstrou bem a indignação dos trabalhadores em luta contra os baixos salários.

Ao longo da última semana, a CP – Comboios de Portugal tem vindo a alertar para as perturbações geradas por estas greves.

Carris em greve

O Sindicato Nacional de Motoristas e outros Trabalhadores anunciou uma greve na Carris, parcial entre 2 e 6 de junho, e de 24 horas em 12 de junho, em protesto pelo impasse nas negociações com a empresa.

Em comunicado, o Sindicato Nacional de Motoristas e outros Trabalhadores (SNMOT) informou que irá convocar uma greve na transportadora rodoviária Carris, entre 2 e 6 de junho, de segunda a sexta-feira, de duas horas no início e no fim de cada serviço, e de 24 horas em 12 de junho.

A estrutura sindical explicou que o acordo sobre as atualizações salariais não implicaria o encerramento do processo negocial e que, juntamente com a empresa, iria constituir “grupos de trabalho com vista, nomeadamente, à redução do horário de trabalho de forma faseada para as 35 horas semanais”.

Segundo o SNMOT, já tinha conseguido reduzir a prestação de trabalho efetivo para cerca de 37 horas e 30 minutos semanais, “facto que só foi assumido por todos os envolvidos nesse processo algum tempo depois”, tendo-se realizado em 30 de abril a primeira reunião do grupo de trabalho criado para a redução da prestação de trabalho efetivo para as 35 horas semanais.

No entanto, a Carris, após solicitação do sindicato para que facultasse dados de forma a poder apresentar “propostas o mais fidedignas possíveis e alcançáveis pela empresa”, não o fez.

“Ao contrário de outros, o SNMOT não pretende ficar à espera das propostas da empresa para depois as criticar ou as rejeitar” e “pretende fazer” o “que já fez com a redução da prestação efetiva de trabalho das 40 horas para as 37 horas e 30 minutos”, refere-se na nota, assegurando que “continuará a ser um sindicato pró-ativo e não passivo ou reativo”.

A estrutura sindical salientou que a empresa conhece o resultado do anterior plenário realizado em Miraflores (Oeiras), em que os trabalhadores mandataram o SNMOT para “convocar uma greve para o período festivo da cidade de Lisboa (Santo António) caso não existisse qualquer evolução” no processo.

A Carris, acrescentou o SNMOT, “parece ignorar todos os avisos dados pelos trabalhadores e pretende — mais uma vez — não cumprir com os seus próprios compromissos”, como o de que iria propor uma data para a reunião seguinte entre 5 e 9 de maio, o que incumpriu sem dar “qualquer justificação”, demonstrando o “respeito que os trabalhadores lhe merecem”.

Com a marcação da greve, em conformidade com o mandato recebido, o sindicato considerou que pode ser que assim “a empresa comece a respeitar os trabalhadores como merecem” e “não se lembre apenas dos trabalhadores quanto existem efemérides ou quanto acontece algo de anormal”.

ZAP // Lusa

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