Filipe Amorim / Lusa

Montenegro expressa cada vez mais vontade de fazer um acordo com os liberais. Pós eleições, é uma coisa, afirma Rocha. Agora, junto às eleições, PSD está “um bocadinho atrasado”.
“Quando soubemos que a legislatura ia acabar, que a moção de confiança não ia ser aprovada, tivemos enormes manifestações de desejo que a IL se integrasse noutro tipo de plataforma”, começa por explicar Rui Rocha durante uma visita a uma exploração agrícola no concelho do Cartaxo, distrito de Santarém.
O líder da IL disse não estar a falar “forças vivas”, numa alusão a declarações do presidente do Chega, André Ventura, nas últimas legislativas, mas de “coisas concretas”.
“E a IL disse que o seu compromisso é com os portugueses, porque, na altura, a interpretação que fizemos é que o país só muda com uma IL que se apresenta a eleições e sai reforçada dessas eleições para, depois, podermos puxar o país para as soluções”, disse.
Interrogado sobre quem, dentro do PSD, é que manifestou essa vontade de coligação pré-eleitoral com a IL, uma vez que não foram “forças vivas”, Rui Rocha respondeu: “Quem tem a capacidade e a possibilidade de liderar a direção e as lideranças”.
Foram “as lideranças do PSD e tenho a certeza que não dirão o contrário, que confirmarão”, referiu.
“Montenegro está um bocadinho atrasado, nós começámos ontem, somos mais rápidos”, afirmou ainda, citado pelo Expresso — se não houve um entendimento pré-eleitoral antes, não será agora, deixa assente.
O líder da IL foi ainda questionado sobre as declarações do presidente do CDS-PP, Nuno Melo, que, este sábado, disse que a coligação do seu partido é com “o PSD, não é com mais ninguém”. Entretanto, o líder do CDS, segundo cita a rádio Observador, já se pronunciou novamente sobre o assunto. “Todo o meu esforço é para que a AD tenha um resultado robusto” para poder “depender apenas de nós e não dos outros”.
Rui Rocha disse sentir que os portugueses “desejam uma IL forte para mudar o país”, razão pela qual o partido decidiu ir sozinho a eleições, apesar de reiterar que houve “muito quem quisesse” que se integrasse “noutro tipo de solução”.
“Nós dissemos aos portugueses que podem contar com a IL para mudar o país e isso só fazia sentido, só era consequente, indo sozinhos. Agora, nós não somos um partido apêndice, temos as nossas ideias, temos programas concretos para Portugal, soluções para a habitação, saúde, agricultura”, disse.
Montenegro diz que seria “boa dupla”
Foi por entre um mergulho e um jogo de voleibol na praia de Espinho que o primeiro-ministro, em alusão ao desporto que praticava, afirmou este domingo que faria uma “boa dupla” com Rui Rocha, ainda que não saiba como é que ele joga.
Em tronco nu e ainda molhado devido a um mergulho num dia em que chegou mesmo a chover por entre o Sol no distrito de Aveiro, ainda dentro da metáfora desportiva e questionado como se encaixaria o CDS-PP nessa equipa de dois, Luís Montenegro respondeu: “Ficava para todo o trabalho que é preciso em equipa, seguramente”.
O voleibol marcou a campanha dos dois líderes de direita: no sábado, também o liberal jogou na praia de Oeiras. Mas o ritual de Montenegro com os amigos não faz parte da agenda (ainda que a comunicação social tenha sido informada previamente).
“Estão de cabeça perdida”
O cada vez mais provável acordo pós-eleitoral entre os dois partidos já valeu críticas do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
“Eles estão de cabeça perdida, eles dizem coisas diferentes, na coligação. No PSD querem a IL, o CDS não quer, eles estão completamente de cabeça perdida”, afirmou o líder socialista que falava aos jornalistas no final de uma visita à feira de Espinho, onde momentos depois entrou a caravana da AD.
Pedro Nuno Santos foi questionado sobre os desenvolvimentos das últimas horas, depois do líder da IL ter dito que tinha sido desafiado por lideranças do PSD para uma coligação pré-eleitoral.
“A AD com a IL é uma mistura explosiva do ponto de vista do radicalismo e do ataque ao Estado Social”, afirmou ainda Pedro Nuno Santos.
Num comício no domingo em Viseu, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que o voto na IL “retira força” ao primeiro-ministro, Luís Montenegro.
ZAP // Lusa