Não, o romance no escritório não desapareceu — apenas evoluiu para algo mais silencioso, mais intencional e mais adequado ao mundo em que trabalhamos agora. É mais discreto… e requer estratégia.
Durante décadas, apaixonar-se no trabalho era praticamente um cliché. Longas horas, prazos apertados para cumprir em equipa, e café de má qualidade criavam proximidade e pressão suficientes para despertar algo verdadeiro.
Mas, numa altura em que o trabalho híbrido ou remoto remodelou a forma como nos apresentamos no escritório (se é que o fazemos sequer), alguns questionam se o romance no local de trabalho estará condenado à extinção.
Na verdade, não está morto — apenas passou para a clandestinidade.
De acordo com um inquérito recente da Resume Builder, um em cada três funcionários afirma ter tido um romance no local de trabalho nos últimos três anos, mesmo trabalhando remotamente.
Quase um quarto dessas relações foram com um colega, enquanto outras envolveram clientes, fornecedores ou até investidores. E na maioria dos casos, o chefe tomou a iniciativa — 45% dos homens inquiridos disseram que deram o primeiro passo, em comparação com 25% das mulheres.
“A pandemia não matou o romance no local de trabalho — apenas mudou o campo de batalha”, diz Channa Bromley, coach de relacionamentos que trabalha com profissionais que navegam entre o amor e a carreira, ao Business Insider.
“As pessoas já não se envolvem em relacionamentos apenas porque passam oito horas por dia juntas. Agora é preciso estratégia“. Essa estratégia é o que Bromley chama de “fabricar a serendipidade“.
Os tempos de conversas sedutoras no elevador ou vibrações que persistem após as reuniões acabaram. Em locais de trabalho híbridos, o romance requer intenção — como simples brincadeiras no Slack, emojis subtilmente colocados, ou sessões virtuais de trabalho conjunto.
Um dos clientes de Bromley, um engenheiro, mal conhecia um colega para além do Slack e do Zoom, mas fez um esforço. “Ele construiu o relacionamento com intenção”, explica a coach ao Vice.
“Quando finalmente se encontraram pessoalmente, não se tratava de descobrir a atração. Tratava-se de testar se a ligação que construíram em espaços digitais controlados poderia sobreviver no mundo real“, acrescenta.
Os especialistas dizem que as regras da atração não mudaram — objetivos partilhados, colaboração e intensidade emocional ainda criam laços fortes. O que mudou foi como esses momentos se desenrolam.
A socióloga Jenn Gunsaullus considera que o trabalho remoto é uma faca de dois gumes: “Há menos boatos e menos encontros embaraçosos se as coisas não correrem bem. Mas também torna mais difícil ler a química em tempo real.”
Esse desfasamento pode ser frustrante e emocionante ao mesmo tempo. “A intensidade não desapareceu”, observou Bromley. “Apenas ferve em mensagens privadas e emojis bem cronometrados.”
Angelika Koch, especialista em encontros da Taimi, diz que as pessoas simplesmente se adaptaram. “Flirts subtis através de mensagens de texto são mais propensos a começar com aqueles que sentem essa faísca”, disse ela.
Portanto não, o romance no escritório não desapareceu — apenas evoluiu para algo mais silencioso, mais intencional e mais adequado ao mundo em que trabalhamos agora.