Apenas seis dos 306 voos abrangidos pelos serviços mínimos para os dez dias de greve dos pilotos da TAP e Portugália partiram ou chegaram ao aeroporto do Porto, o que representa menos de 2% da operação decidida pelo Tribunal Arbitral.
Entre os serviços mínimos partiram três voos do aeroporto Francisco Sá Carneiro com destino ao Funchal e a Luxemburgo e chegaram outros três com origem também no Funchal e Luxemburgo, constatou a Lusa da análise da lista publicada pela companhia aérea.
O porta-voz da TAP, André Serpa Soares, explicou à Lusa que, face à escassez de serviços mínimos, decidida pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social, a companhia procurou fazer os voos que protegessem “o maior número possível de passageiros”.
“O aeroporto de Lisboa tem dimensão maior, é aqui que está o principal hub da companhia. Lisboa gera mais tráfego e toda a operação para as Américas e África”, adiantou, considerando que “é natural que a TAP procure garantir o maior número de passageiros possíveis”.
Este porta-voz da companhia liderada por Fernando Pinto realçou que a estratégia seguida teve como objetivo minimizar o impacto da paralisação dos pilotos, rejeitando que signifique que o grupo esteja a subalternizar ou a desinvestir no aeroporto do Porto.
A operação a norte foi ainda penalizada pela adesão dos pilotos da Portugália (PGA) superior à dos pilotos da TAP, que realizam um boa parte importante da operação com partida no Porto.
PS diz que serviços mínimos são “insulto à região” Norte
A concelhia do Porto do PS afirma que a operação dos serviços mínimos durante a greve dos pilotos “é um insulto à região”, acusando a administração da TAP de “virar as costas ao Porto e ao Norte”.
“A administração da TAP tem vindo a desinvestir de forma acentuada no aeroporto do Porto, uma infraestrutura fundamental para o desenvolvimento de todo o país, servindo muito especialmente o Porto e as regiões do Norte e Centro”, critica, em comunicado, o líder da concelhia do PS/Porto, Tiago Barbosa Ribeiro.
“Esta realidade não tem nada a ver com a greve, mas sim com uma vergonhosa ação centralista da administração da TAP em desvalorizar o aeroporto do Porto e transformar a transportadora aérea nacional numa companhia regional de Lisboa”, sustenta Tiago Barbosa Ribeiro.
Adiantando que o PS/Porto “tudo fará para defender os interesses da região e combater o divórcio entre a TAP e o Norte, colocando esta empresa pública ao serviço de todo o país”, o socialista classifica como “inaceitável” a “subalternização do aeroporto do Porto em relação ao de Lisboa”.
Para o PS/Porto, esta “subalternização” tem vindo a manifestar-se “ao longo dos anos de várias formas” por parte da TAP”.
A concelhia aponta como exemplos “a eliminação de rotas por suposta falta de procura que são imediatamente ocupadas com sucesso por outras companhias”, a “quase inexistência de ligações diretas intercontinentais”, a “atribuição da frota mais envelhecida da PGA aos voos do Porto” e a “desvalorização das comodidades dos passageiros da TAP neste aeroporto quando comparadas com Lisboa”.
“Primeiro desinvestem no Porto e depois justificam o centralismo como opção de gestão”, sublinha o PS/Porto.
Segundo os números divulgados desde o início da greve pela companhia, mais de metade da operação da Portugália tem sido comprometida pelo protesto, o que o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) justificou com o objetivo de “combater a fadiga acumulada e o reconhecimento da necessidade de rever as regras de trabalho em vigor pelo Acordo de Empresa, dado que não estão ajustados à atual operação”.
Os pilotos convocaram uma greve, para o período entre 1 e 10 de maio, por considerarem que o Governo não está a cumprir o acordo assinado em dezembro de 2014, nem um outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação de até 20% no capital da empresa no âmbito da privatização.
/Lusa