A hematite tem mais virtudes do que pensávamos, e pode ser a chave para a construção de dispositivos spintrónicos ultra-rápidos.
A hematite, um óxido de ferro comum, comporta-se de uma forma nunca antes vista em materiais magnéticos — suporta dois modos magnéticos distintos. Assim descobriu um novo estudo publicado a 23 de abril na Nature.
“A hematite apresenta uma física de spin inteiramente nova que pode ser aproveitada para o processamento de sinais a frequências ultra-elevadas, o que é essencial para o desenvolvimento de dispositivos spintrónicos ultra-rápidos e para as suas aplicações nas tecnologias de informação e comunicação da próxima geração”, explica o investigador Dirk Grundler à SciTechDaily.
“Este trabalho demonstra que a hematite não é apenas um substituto sustentável de materiais estabelecidos como a granada de ítrio e ferro”, ressalta ainda. Isto porque
E a descoberta surgiu mesmo por acaso, quando o aluno Haiming Yu detetou uns sinais elétricos estranhos provenientes de uma banda nanoestruturada de platina sobre hematite.
“Esta observação nítida acabou por levar à descoberta de um padrão de interferência, que foi o ponto de viragem crítico desta investigação”, diz Yu.
“A hematite é conhecida pelo homem há milhares de anos, mas o seu magnetismo tem sido demasiado fraco para aplicações comuns. Agora, verifica-se que supera o desempenho de um material que foi optimizado para a eletrónica de micro-ondas nos anos 50”, diz Grundler.
“Esta é a beleza da ciência”, conclui o cientista. “Pode-se pegar neste material antigo e abundante na terra e encontrar esta aplicação muito oportuna, o que nos poderia permitir ter uma abordagem mais eficiente e sustentável para a spintrónica.”