Ufa! O mistério do vulcão “zombie” na Bolívia foi finalmente desvendado

Ceky / Wikipedia France

Vulcão Uturuncu

Uma nova pesquisa explica os constantes sismos na região do vulcão Uturuncu e acalma os receios de que uma erupção está para breve. 

O vulcão Uturuncu, na Bolívia, também conhecido como vulcão “zombie”, intriga os cientistas há décadas com sinais de agitação subterrânea, apesar de não entrar em erupção há 250 000 anos.

Agora, um novo estudo publicado a 28 de abril na PNAS resolveu este mistério e deixou claras as forças que atuam sob a sua superfície.

Localizado nos Andes, a uma altitude de 6008 metros, o Uturuncu é um enorme estratovulcão — um tipo conhecido por erupções explosivas. Desde a década de 1990, dados de satélite e GPS revelaram que a terra ao redor do Uturuncu está a deformar-se num padrão de “sombrero”, com uma elevação central cercada por áreas de afundamento do solo. Além disso, os terramotos frequentes e nuvens de dióxido de carbono têm aumentado os receios sobre uma possível erupção.

Inicialmente, os cientistas especularam que um corpo magmático em crescimento poderia estar a causar essas perturbações, sinalizando potencialmente que o vulcão estava a despertar. O Uturuncu fica acima do Altiplano-Puna Magma Body (APMB), um imenso reservatório subterrâneo de rocha derretida que se estende sob partes da Bolívia, Chile e Argentina, o que tem suscitado preocupações de que o magma possa estar a subir em direção à superfície, relata o Live Science.

No entanto, após analisar dados de mais de 1700 terramotos e estudar as características geológicas da região, os investigadores determinaram que a atividade não se deve à acumulação de magma.

Em vez disso, descobriram que fluidos quentes e gases estão a subir do APMB através de um canal estreito, semelhante a uma chaminé, sob o Uturuncu. Este processo retém gases como vapor e CO₂ sob o cume e faz com que a água salgada se espalhe horizontalmente pelas fendas circundantes, explicando a deformação do solo e a atividade sísmica.

“Isto não só explica porque um vulcão “zombie” permanece ativo, mas também dá pistas sobre o seu potencial de erupção”, escreveram os investigadores. As descobertas sugerem que, embora Uturuncu esteja ativo com movimentos subterrâneos, não se está a preparar para uma erupção catastrófica.

A metodologia do novo estudo também pode ser vital para monitorizar outros vulcões em todo o mundo. “Os métodos apresentados neste artigo podem ser aplicados a mais de 1400 vulcões potencialmente ativos e a dezenas de vulcões como o Uturuncu, que não são considerados ativos, mas mostram sinais de vida”, disse o co-autor Matthew Pritchard, professor de geofísica da Universidade Cornell.

Por enquanto, parece que o sono inquieto do Uturuncu continuará — mas sem perigo de erupção.

ZAP //

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