Metade das exportações portuguesas para os EUA fogem às tarifas

Bernard Spragg. NZ / Flickr

Petróleo refinado e medicamentos estão, por agora, isentos das taxas de 10% impostas por Trump. O mercado vai disparando e retraindo, à semelhança das decisões do presidente norte-americano.

Portugal exportou mais de 5 mil milhões de euros para os EUA em 2024. Como o ZAP tem noticiado, os principais produtos exportados são o petróleo refinado e medicamentos.

Estes produtos estão, por agora, isentos dos 10% de taxas alfandegárias aplicadas pelo presidente norte-americano, que anunciou na semana passada uma trégua de 90 dias a taxas maiores.

Na verdade, segundo avança o jornal Público com base em dados da AICEP, quase metade (44,5%, correspondentes a 2365 milhões de euros) dos produtos exportados para os EUA não estão atualmente sujeitos a tarifas. No entanto, como se tem observado, os panos de Donald Trump são voláteis, e o presidente norte-americano já ameaçou deixar de considerar os medicamentos uma exceção à regra.

Segundo avança ainda o jornal, 15% das empresas portuguesas exportadoras para os EUA dependem totalmente desse mercado.

Incerteza dita um mercado nervoso

Incerteza é a palavra que define o mercado norte-americano para as empresas portuguesas atualmente. Segundo conta ao Expresso Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da associação do sector do calçado Apiccaps, “de repente, nos últimos dias, temos empresas a pedir aos trabalhadores para fazerem horas extraordinárias para poderem responder às encomendas dos Estados Unidos”.

A procura repentina, com pedidos com indicação de entrega urgente, deve-se à suspensão por 90 dias das tarifas anunciadas por Trump. Mas os dados disponibilizados pelo INE mostram que o mercado está tremido e incerto.

Em contraste com o boom de procura em fevereiro (419,8 milhões de euros), janeiro foi um mês de retração (329,3 milhões de euros). Uma verdadeiro montanha russa, que muda ao ritmo das decisões em catadupa do presidente dos EUA.

Paulo Gonçalves aponta para um “terreno positivo, mas o mercado de elevado potencial dos EUA, o maior importador mundial de sapatos, está a cair (4,6%)”. E “nada garante que Trump não antecipa este prazo, ou volta a prolongá-lo ou até elimina tarifas em alguns sectores”, alerta.

ZAP //

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