Jovens portugueses estão a jogar mais a dinheiro e a procurar mais estado “alterado”

Comportamentos de risco graves são hoje mais esporádicos e concentrados numa minoria, mas os jovens consomem cada vez mais analgésicos fortes com o objetivo de provocar alterações de consciência, diz estudo.

Os novos dados dos comportamentos aditivos entre os alunos do ensino público em Portugal, com idades entre os 13 e os 18 anos, trazem novas preocupações.

Os comportamentos de risco graves são hoje mais esporádicos e concentrados numa minoria, mas os jovens consomem cada vez mais analgésicos fortes com o objetivo de provocar alterações de consciência — uma tendência associada ao crescimento do tempo dedicado aos videojogos e ao jogo a dinheiro, segundo o mais recente Estudo sobre os Comportamentos de Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências (ECATD-CAD), promovido pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD).

A investigação abrangeu uma amostra de mais de 11 mil alunos de 1992 escolas do ensino público, em todas as regiões de Portugal continental, Açores e Madeira.

O estudo — que segundo o Público será publicado esta terça-feira — indica que 58% dos jovens já experimentaram álcool, com 48% a reportar consumo no último ano. As bebidas mais consumidas são os alcopops (bebidas alcóolicas que já vem misturadas com refrigerante), seguidos das bebidas destiladas e da cerveja. Cerca de 29% dos jovens admite já ter-se embriagado ligeiramente, mas apenas 11% refere embriaguez no último mês, sendo a embriaguez severa menos comum.

“Há fenómenos que, face ao estudo anterior, se tornaram mais prevalentes, como o consumo de analgésicos fortes com o intuito de ficar ‘alterado’, o jogo eletrónico e o jogo a dinheiro”, diz o ICAD.

O tabaco continua a ser a segunda substância mais consumida, logo após o álcool. Um quarto dos inquiridos já experimentou tabaco, sendo que 10% o fizeram no último mês. Entre os fumadores diários, destacam-se os cigarros tradicionais (22%) e os cigarros eletrónicos (12%).

As drogas ilícitas são menos consumidas: 7% já as experimentou e apenas 3% o fez recentemente. A canábis é a substância ilícita mais referida, com menos de 1% dos jovens a admitirem consumir diariamente. Contudo, entre os que consomem atualmente, 10% fá-lo com regularidade.

O contacto com álcool e tabaco acontece precocemente e estas substâncias são percebidas como facilmente acessíveis. A canábis surge também como a droga ilícita de mais fácil obtenção.

O estudo destaca ainda o elevado uso de videojogos, sobretudo entre rapazes e alunos do 3.º ciclo, enquanto o jogo a dinheiro é mais frequente entre estudantes do ensino secundário.

ZAP //

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