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Ideia formulada há 25 anos pode finalmente ajudar-nos a explicar o conceito de realidade partilhada. O que são os estados da matéria que não vemos?
“Todos os dias, quando sai à rua, vê coisas. E vê-as como localizadas. Não vê caraterísticas quânticas estranhas. Por isso, a questão é: como é que podemos faz esta divisão entre o quântico e o clássico?”. Assim interroga o cientista Akram Touil na New Scientist.
Para nos ajudar a responder, temos o recém-provado Darwinismo Quântico. Esta ideia foi proposta pela primeira vez em 2000 por Wojciech Zurek, e tem por base a ideia de que cada objeto quântico é uma nuvem de estados possíveis até ser medido ou observado. Então, passa a ter um só estado, o chamado “clássico”.
Os estados que acabamos por ver são, de acordo com o Darwinismo Quântico, mais robustos do que os restantes na nuvem de possibilidades. Na linguagem da seleção natural, diz-se que estes estados são mais “adequados”.
Agora, um novo estudo liderado por Zurek e Touil e publicado prova matematicamente esta ideia.
Estudaram um cenário em que cada observador só tem acesso a uma fração do ambiente do objeto e nunca ao próprio objeto. O estudo foi feito através do cálculo da “informação mútua” dos observadores, um número que capta a sobreposição entre o que cada um aprende sobre o objeto.
Utilizaram ainda um exemplo prático para provar a teoria, coma a ajuda de um computador quântico, com dois dos qubits designados como objeto e os restantes 10 como ambiente.
Gerardo Adesso, investigador da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, diz que o novo trabalho reforça o darwinismo quântico como forma de compreender como o mundo clássico emerge do quântico.
Agora, é tempo de ir além dos qubits: os investigadores querem aplicar estas regras a todo o mundo físico.