No topo de uma montanha, a remota aldeia de Mürren era um lugar isolado. Agora, apenas através de um teleférico, ganhou vida e tornou-se turística. Mas a vida ainda é diferente: não há medico, cabeleireiro ou… carros.
Situada entre Interlaken e a zona montanhosa de Jungfrau, nos Alpes Suíços, a aldeia de Mürren, situada a 1638 metros de altitude, no topo de uma montanha, manteve-se isolada durante séculos. Mas, nos últimos anos, tudo mudou.
Antes do ano de 1891, os habitantes da isolada aldeia tinham de andar 3 horas de mula até ao sopé da montanha para obterem os seus bens essenciais.
Em 1891, foi inaugurado um pequeno caminho de ferro que ligava o sopé à cidade vizinha, onde um funicular fazia a ligação com Mürren. Em 1965 um teleférico passou a conectar os habitantes da aldeia com outra vizinha.
Mas, agora, o cenário é diferente: o novo teleférico Schilthornbahn leva os visitantes dos Alpes Suíços ao topo da montanha nuns breves 4 minutos — e com um bónus: uma maravilhosa vista sobre a neve e as montanhas.
Mürren é um lugar remoto, mas na verdade muito acolhedor. Trata-se de uma aldeia do século XIII, com casas tradicionais de pedra e madeira, explica a BBC.
“Ir de teleférico para a escola pode parecer invulgar para muitos, mas para mim era um ritual quotidiano”, conta o local Michael Abegglen. “A maior parte das necessidades e serviços quotidianos estão disponíveis em Mürren, mas sempre que precisamos de um médico, cabeleireiro ou dentista, temos de descer até ao vale, onde muitos de nós têm os seus carros estacionados.”
É por isso que não circulam viaturas na aldeia: os habitantes preferem deixá-las na base da montanha, e subir de teleférico.
“Quando se cresce aqui, como eu cresci, conhece-se quase toda a gente e há uma comunidade muito unida”, acrescenta Abegglen. E o turismo acabou por transformar o local: “Alguns hóspedes são como habitantes locais, pois regressam a Mürren todos os anos.”
Lojas de souvenirs, bares, restaurantes típicos e até um famoso hotel que já recebeu diversas celebridades, o Hotel Mürren Palace (conhecido como “o primeiro palácio da Suíça”), transformaram a aldeia para sempre. Foi em Mürren que se criou a primeira escola de esqui da Suíça.
“As montanhas são uma tela em constante mudança”, diz Belinda Bühler, uma caminhante que viveu toda a sua vida em Mürren.
“No inverno, vestem um belo casaco branco. No verão, o ambiente muda consoante os dias sejam quentes, chuvosos ou de nevoeiro. No entanto, à medida que o inverno se afasta lentamente, já pode sentir o cheiro da primavera. À medida que a terra começa a aquecer, veem-se as primeiras flores de verão e, em breve, os prados cheios de flores”, resume.
“As pessoas não vêm aqui para fazer compras ou visitas turísticas, mas para experimentar a vida através do esqui, da neve, das caminhadas ou de prazeres simples como apreciar as vistas incomparáveis na solidão e mergulhar nos riachos ou no lago Grauseeli”.