Ao fim de 40 anos de guerra, Arménia e Azerbaijão chegam a acordo de paz

Igor Kovalenko / EPA

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev

Um conflito que se estende desde o desmoronar da URSS chega agora ao fim. Ainda ficam assuntos pendentes, mas o Azerbaijão assegura o território de Nagorno-Karabakh.

Esta quinta feira, a Arménia aceitou as propostas do Azerbaijão sobre “os dois artigos não resolvidos” que faltavam para um acordo de paz na guerra que se estende há 4 décadas.

“Um dos dois artigos diz respeito à questão do não destacamento de forças de países terceiros ao longo da fronteira. O outro artigo diz respeito à retirada mútua das reivindicações das instâncias internacionais e ao compromisso de não se agirem mutuamente”, disse o primeiro-ministro arménio Nikol Pashinyan, citado pela CNN.

E o Azerbaijão confirmou: “Registamos com satisfação que as negociações sobre o texto do projeto de Acordo de Paz e de Estabelecimento de Relações Interestatais entre o Azerbaijão e a Arménia foram concluídas“.

A conclusão do conflito chega depois de várias tentativas ao longo dos anos para resolver a situação, com a Rússia à mistura e um recente crescendo das tensões, que afinal deverão terminar. Mas porque guerreavam os dois países?

Geografia vs. etnia

Os dois países da antiga União Soviética lutavam desde a queda da URSS pela região de Nagorno-Karabakh, uma zona rica em petróleo. Como explica a Al Jazeera, território é reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão (geograficamente fica no meio do país), mas os seus habitantes são predominantemente de etnia arménia (e católicos, ao contrário dos azerbaijaneses, predominantemente muçulmanos).

A região, com cerca de 120.000 arménios, tem o seu próprio governo local, e ambos os países a reivindicam como sua.

Quando a União Soviética caiu, eclodiu a Primeira Guerra do Nagorno-Karabakh (1988-1994) entre os arménios e os seus vizinhos azeris (grupo étnico do Azerbaijão). Cerca de 30.000 pessoas foram mortas e mais de um milhão foram deslocadas.

A Arménia saiu-se vencedora, e o Azerbaijão perdeu território, com promessas de retaliação. Mas a vingança só chegou em 2020, com a chamada Segunda Guerra do Nagorno-Karabakh.

Nessa fase do conflito, o país muçulmano obteve o apoio militar da Turquia e de Israel, e acabou por reconquistar o território em 2023, depois de milhares de mortes. A Arménia costumava contar com o apoio da Rússia, mas a guerra na Ucrânia ditou outras prioridades para o Kremlin.

Agora, um acordo de paz deverá ser assinado e que consagra o território como azerbaijanês, mas ainda ficam assuntos pendentes. O Azerbaijão declarou que a Constituição da Arménia deve “eliminar as reivindicações contra a soberania e a integridade territorial do Azerbaijão”.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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