A banca está a apostar na angariação de novos clientes para colmatar as perdas de lucros com a descida das taxas de juro.
Depois de um período de lucros recorde impulsionados pela subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), os bancos portugueses estão agora a adotar uma nova estratégia para colmatar a quebra nos lucros causada pela descida das taxas: aumentar o número de clientes.
Num mercado altamente bancarizado e com pouca variação no número de contas de depósitos à ordem ao longo dos anos, os bancos têm procurado atrair novos clientes através de promoções agressivas, refere o Jornal de Negócios.
A imigração tem ajudado a manter o crescimento populacional, mas o número de contas não tem registado grandes variações desde 2000. Diante disso, a solução encontrada tem sido a oferta de incentivos financeiros, especialmente para clientes que domiciliarem os seus ordenados nas contas.
Nos últimos meses, várias campanhas publicitárias têm surgido com o objetivo de conquistar novos clientes. Os bancos estão a oferecer bónus em dinheiro, como o BPI, que promete 500 euros em Cartão Continente, o Bankinter, que oferece até 504 euros, e o ActivoBank, com 300 euros.
O BCP e o Santander também não ficam atrás, oferecendo bónus que vão de 50 a 500 euros. Além disso, a Caixa Geral de Depósitos e o Millennium oferecem benefícios como 50 euros para gastar na Amazon ou “powerbanks” para quem aderir a cartões de crédito.
Com a expectativa da continuação da diminuição das taxas de juro, a competição no setor bancário deverá ficar cada vez mais intensa.
Os números confirmam a pressão sobre as instituições — nos primeiros nove meses de 2023, a margem financeira combinada dos cinco maiores bancos em Portugal foi de cerca de 7 mil milhões de euros, representando um crescimento de apenas 5%, bem abaixo dos aumentos superiores a 50% registados em 2022.
Esta pressão também se nota nas taxas de juro dos depósitos em Portugal. A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo dos clientes particulares diminuiu em janeiro, pelo 13.º mês consecutivo, para 1,98%, face a 2,16% em dezembro de 2024, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
No conjunto dos países da zona euro, a taxa de juro média dos novos depósitos recuou 0,11 pontos percentuais, para 2,34%, tendo Portugal descido um lugar entre os países da área do euro e sendo agora o quinto país que pior remunera os depósitos.
Quanto ao montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares, aumentou 1416 milhões de euros em janeiro, totalizando 13 087 milhões de euros.
Quanto a empresas, os dados do BdP indicam que a remuneração média dos novos depósitos a prazo passou de 2,66% em dezembro para 2,44% em janeiro. No mês em análise, as novas operações de depósitos de empresas totalizaram 9175 milhões de euros, menos 825 milhões do que em dezembro de 2024, tendo os depósitos a prazo até um ano representado 99% dos novos depósitos.
Com a desaceleração da margem financeira, é esperado que o ritmo de crescimento dos lucros dos bancos diminua nos próximos anos, como já se verificou no BCP em setembro de 2023.
ZAP // Lusa