O ciclo lunar parece ter efeito na saúde das crianças e nos seus níveis de actividade – dados que deixaram os cientistas desconcertados.
Há apenas algumas décadas, era ideia comum que a lua cheia tinha poderes especiais e exercia um efeito poderoso sobre certas pessoas, podendo fazê-las agir de forma estranha, ou até enlouquecê-las.
Esta crença foi há muito desmentida e considerada superstição, mas talvez seja altura de rever o assunto.
Um novo estudo científico, publicado na revista Clinical Obesity, mostra que o ciclo lunar está associado a efeitos negativos na actividade física, pressão arterial e níveis de açúcar das crianças.
“É uma descoberta misteriosa”, diz Mads Fiil Hjorth, investigador da Universidade de Copenhaga, citado pelo Science Nordic, “e não fazemos ideia da razão pela qual as crianças alteram o seu comportamento ao longo do ciclo lunar, nem porque ficam menos activas”.
“Talvez a explicação resida em factores evolucionários ancestrais, relacionados com a influência da luz do luar na nossa probabilidade de sobrevivência ou capacidade reprodutiva”, diz Hjorth.
Mads Fiil Hjorth é um dos autores do estudo, desenvolvido por uma equipa da Universidade de Copenhaga.
Durante o estudo, os cientistas recolheram amostras de sangue e dados de pressão arterial, sono e níveis de actividade de 795 crianças dos 8 aos 11 anos, durante 9 ciclos lunares.
Os resultados mostraram que nos dias mais próximos da lua cheia as crianças apresentavam uma diminuição de cerca de 8% nos seus níveis de actividade e que a sua pressão arterial aumentava em média cerca de 0.8 mmHg – um aumento de 1%.
Além disso, os níveis de açúcar nesses dias eram em média 2% superiores, e as crianças dormiam em média mais 4.1 minutos por noite durante a lua cheia.
“Apesar de durante a lua cheia haver um aumento da produção de insulina, processo biológico destinado a baixar os níveis de açúcar no sangue, estes na realidade eram superiores”, diz Hjorth.
O processo intriga os cientistas, mas a causa poderá ser a luz extra emitida pela lua durante este período.
Jan Ovesen, médico do Hospital Skørping de Copenhaga, especialista em distúrbios do sono, realça que numa noite de céu limpo durante a lua cheia há 25 vezes mais luminosidade do que numa noite nublada.
“Não sei se a luz é o factor essencial neste estudo, mas temos que o aprofundar”, diz Ovesen, “e descobrir a verdadeira natureza deste enigma”.
Principalmente, se não quisermos passar as noites de lua cheia com medo de criaturas estranhas.
AJB, ZAP