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À vontade não é à vontadinha. Onde fica a “casa da mãe Joana”?

Wikimedia Commons

A expressão que indica uma situação de balbúrdia é mais antiga do que pensamos, e tem, na verdade, origem numa mulher que tentou por ordem a uma profissão onde “valia tudo”.

Joana I era a rainha de Nápoles quando, em 1347, aos 21 anos, fugiu de Itália após ter sido acusada de matar o seu próprio marido. Assim reza uma das muitas lendas criadas em volta desta misteriosa personagem.

Outra história conta que pode ter sido expulsa do seu país por ter levado uma juventude boémia que a levou a ser renegada pela Igreja católica.

Mudou-se para Avinhão, em França, e foi lá que decidiu implementar medidas para regrar os bordéis da cidade. “O lugar terá uma porta por onde todos possam entrar”, dizia o decreto que publicou, segundo conta o Sinal Aberto.

Foi só a partir desse ano que os bordéis da cidade passaram a ter uma porta fechada. Desde então, as casas de prostituição de Avinhão ficaram conhecidas como “o paço da mãe Joana”. A expressão significava uma porta aberta a todos os que lá quisessem entrar, explica também o Ciberdúvidas.

Como também implementou medidas protetoras das próprias mulheres que trabalhavam nessas casas, nomeadamente proibindo os clientes de violentarem as meretrizes, Joana ficou conhecida carinhosamente como a “mãe” protetora desta profissão.

Ainda hoje, em Portugal e no Brasil, a expressão é utilizada, mas mais na formulação negativa, e sempre com um tom pejorativo. “Isto aqui não é a casa da mãe Joana” é utilizado como que diz “à vontade não é à vontadinha”, para colocar ordem numa situação desorganizada.

Uma casa da Joana é hoje um lugar onde “vale tudo”, onde rena a desordem. Mas, afinal, há quase 700 anos, Joana foi uma figura importante para “por em ordem” uma classe social desprotegida e renegada pela sociedade.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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