A Lua tem dois enormes desfiladeiros. Foram esculpidos em 10 minutos catastróficos

Ernie T. Wright / SVS / NASA

Formação lunar Vallis Schrödinger

Têm centenas de quilómetros de comprimento e formaram-se em menos de 10 minutos. Podem ajudar a perceber melhor os impactos de asteroides — até na Terra.

“Há cerca de quatro mil milhões de anos um asteroide ou cometa sobrevoou o polo sul lunar, passou pelos cumes das montanhas de Malapert e Mouton e atingiu a superfície lunar. O impacto ejetou fluxos de rocha de alta energia que esculpiram dois desfiladeiros que rivalizam com o tamanho do Grand Canyon da Terra”.

Parece o início de uma história de ficção, mas é mesmo verdade, segundo conta à Universe Today o astrónomo David Kring.

“Enquanto o Grand Canyon levou milhões de anos a formar-se, os dois grandes desfiladeiros da Lua foram esculpidos em menos de 10 minutos“, conta ainda.

Os dois desfiladeiros são chamados de Vallis Schrödinger e Vallis Planck. O primeiro, formado na margem exterior da bacia do Pólo Sul-Aitken (SPA), chega a ter quase 300 quilómetros de comprimento, 20 quilómetros de largura e 2,7 quilómetros de profundidade.

Existe ainda uma fila de crateras “secundárias” formadas pela queda de rochas que foram projetadas pelo impacto. A parte do desfiladeiro tem cerca de 280 quilómetros de profundidade, 27 quilómetros de largura e 3,5 quilómetros de profundidade, conta a Universe Today.

NASA/SVS/Ernest T. Wright

Formações lunare Vallis Schrödinger e Vallis Planck

O Schrödinger tem um anel exterior, produzido pelo colapso de uma elevação central após o impacto, que terá provocado fluxos de lava basáltica — a atividade vulcânica terminou há cerca de 3,7 mil milhões de anos.

A cratera Schrödinger é semelhante, em muitos aspetos, à cratera Chicxulub, na Terra, que matou os dinossauros. Ao mostrar como se formaram os desfiladeiros de Schrödinger, com quilómetros de profundidade, este trabalho ajudou a iluminar o quão energética pode ser a ejeção destes impactos”, explica um dos membros da equipa de investigação do Instituto Lunar e Planetário de Houston, Gareth Collins.

A equipa publicou um estudo na revista Nature no dia 4 de fevereiro sobre estes “Canyons”.

E estes “Canyons” podem ser bem úteis na exploração futura da superfície lunar: a sua bacia é a segunda mais antiga da Lua, o que permite o acesso a amostras subjacentes da crosta primordial da Lua sem ser necessário escavar em rochas mais recentes.

Podem, ainda, esconder alguns segredos sobre os impactos na Terra, e ajudar na sua caracterização.

ZAP //

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