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Portugal é o segundo país da UE com mais reformas antecipadas. São mais de um terço

É o dobro da média europeia. Um dos principais motivos é a saúde, mas quem “chega aos 40 anos de descontos, tende a pedir a reforma”. E em Portugal começava-se a trabalhar muito cedo.

Em Portugal, 38,3% dos reformados em 2023 sofreu um corte na reforma, ou seja, pediu reforma antecipada, conta o JN. Este número, quando comparado com a média europeia, 19,4%, é praticamente o dobro.

Só o Chipre está à frente de Portugal, com 45,8% dos reformados a fazê-lo antecipadamente. Segundo as estatísticas, um dos principais motivos por que os portugueses se reformam antecipadamente é a saúde, mental ou física, apontada por 16,8% dos que se reformam antecipadamente, para uma média europeia de apenas 6,8% a apontar este motivo como principal.

De acordo com o economista Eugénio Rosa, “se o trabalhador vai para a reforma antecipada é porque está numa situação extremamente difícil em termos de saúde, quer física quer psicológica. Os cortes são tão grandes que ninguém gosta de receber pensões extremamente baixas. As pessoas vão já no desespero”.

Mas, por outro lado, os portugueses trabalham mais anos que os os outros cidadãos europeus, em média.

Segundo aponta a DECO PROTeste, os portugueses trabalham, em média, 39,1 anos até à reforma, mais dois do que a média da União Europeia (36,9 anos). COmo se justifica isto?

O professor de economia João Cerejeira explica que “há uma geração que teve uma frequência escolar reduzida, nem sequer o Ensino Secudário terminou, e começou a trabalhar muito jovem, com 14 ou 15 anos. E, portanto, chega aos 40 anos de descontos agora, com 60 e poucos anos. Quando as pessoas chegam aos 40 anos de descontos, tendem a pedir a reforma“.

No final deste verão, o governo vai receber um estudo sobre a sustentabilidade da Segurança Social para responder a questões sobre pensões e reformas.

De acordo com os especialistas entrevistados pelo JN, a Segurança Social “é sustentável”. Eugénio Rosas diz que “nas conclusões que se tiram do relatório [da auditoria do Tribunal de Contas] aparece um saldo negativo, apenas devido à Caixa Geral de Aposentações. Porque relativamente à Segurança Social, até aparece um saldo positivo“.

Para além de tudo, aponta o economista, “um trabalhador hoje produz cinco ou seis vezes mais do que um trabalhador há 15 ou 20 anos”, o que também deve ser tido em conta.

João Cerejeira acredita que pode ser levada a cabo “uma Segurança Social sustentada em três pilares: um pilar público, um pilar de capitalização pública, ou seja, parte das nossas contribuições estarem, de facto, no tal fundo de estabilização pública e, depois, uma componente privada”.

“É preciso não esquecer que o Governo atual não tem maioria, portanto o ideal seria que qualquer reforma na Segurança Social tivesse o acordo de uma ampla maioria parlamentar. A Segurança Social não é algo que se possa mudar numa legislatura“, conclui

ZAP //

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