Combateu pelo Iraque, esteve preso, fez parte da Al-Qaeda e agora vai liderar a Síria. Há uma antiga aliada que gostava de não perder: a Rússia.
Ahmad al-Sharaa, mais conhecido no seu país por Abu Mohammad al-Jolani, foi nomeado presidente da Síria durante o período de transição.
O porta-voz do Comando das Operações Militares da Síria, o comandante Hassan Abdel Ghani, anunciou esta quarta feira, “a nomeação do comandante Ahmad al-Sharaa como chefe de Estado durante o período de transição. Assumirá as funções de presidente da República Árabe da Síria e representará o país nas instâncias internacionais”, num comunicado a que a CNN teve acesso.
“O presidente está autorizado a formar um conselho legislativo temporário para a fase de transição, que exercerá as suas funções até à promulgação e entrada em vigor de uma constituição permanente”, lê-se ainda no documento.
Al-Sharaa tem 43 anos, e quando estava na casa dos 20 tornou-se um “combatente estrangeiro”, tendo ido para o Iraque lutar contra as forças norte-americanas em 2003.
Esteve preso em Camp Bucca, lugar que se tornou um importante centro de recrutamento de grupos terroristas, incluindo o que viria a ser o ISIS.
Em 2012, já na Síria, formou o Jabhat al-Nusra, grupo que jurou fidelidade ao Al-Qaeda e que é agora, precisamente, o HTS — o grupo que derrubou o ano passado a ditadura de Bashar al-Assad e tomou o poder no país (já governava, antes do golpe que derrubou o regime, em Idlib, no noroeste da Síria).
Entretanto, em 2016, o grupo separou-se da Al-Qaeda, o grupo terrorista que à data tinha já protagonizado ataques mediáticos como os de 11 de setembro.
Desde a queda do regime de Assad, a Rússia tem vindo a retirar tropas e armas das suas duas bases na costa mediterrânica da Síria — a base aérea de Hmeimim, perto de Latakia, e a base naval de Tartous, conta a BBC.
Porém, al-Shaara não gosta dessa decisão. Dissera há um mês ao órgão de comunicação local Al Arabiya que existem “interesses estratégicos profundos entre a Rússia e a Síria” e garantiu não ter interesse em que a Rússia saia “de uma forma que prejudique a sua relação com o nosso país”, uma vez que “todas as armas da Síria são de origem russa e muitas centrais elétricas são geridas por especialistas russos”.