Estalou o verniz entre a Ryanair e os aeroportos espanhóis. Companhia corta 12 rotas

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A companhia aérea vai reduzir 18% da sua presença no mercado espanhol, afetando vários aeroportos regionais. As taxas cobradas pelo operador aeroportuário são a razão apontada pela Ryanair.

Está a pensar ir a Espanha no verão? Se estava a ponderar viajar numa companhia low-cost, há más notícias para si — vai haver opções de voos da Ryanair, que vai reduz as suas operações em vários aeroportos regionais espanhóis.

A companhia aérea está a retirar 800 000 lugares, o que equivale a uma redução de 18% no seu mercado espanhol. Doze rotas serão canceladas e a companhia aérea abandonará totalmente os aeroportos de Jerez e Valladolid.

A Ryanair atribui os cortes às taxas “excessivas” impostas pelo operador aeroportuário espanhol Aena. No entanto, a Aena refutou estas afirmações, acusando a companhia aérea de “chantagem” e de práticas enganosas. O presidente da Aena, Maurici Lucena, criticou a abordagem da Ryanair, afirmando que “atravessaram o Rubicão do respeito, da boa fé e da cortesia comercial”.

Jerez e Valladolid são os mais afetados, com a retirada total da Ryanair. Valladolid ficará apenas com um operador, a Binter Canarias, que oferece um serviço limitado duas vezes por semana. Jerez, no entanto, mantém as ligações através de outras companhias aéreas, como a Vueling e a Air Nostrum.

Outros aeroportos regionais, incluindo Vigo, Santiago, Saragoça, Astúrias e Santander, registarão reduções. Vigo é o mais afetado, com um corte de 61% nos voos da Ryanair. Santiago perderá um avião da sua base, reduzindo a capacidade em 28%, refere a Euronews.

O CEO da Ryanair, Eddie Wilson, culpou as taxas da Aena e a falta de incentivos pela subutilização dos aeroportos regionais. A Aena, no entanto, argumenta que as suas taxas estão entre as mais baixas da Europa, mantendo-se em 10,35 euros por passageiro desde 2024.

Para aumentar o tráfego nos aeroportos regionais, a Aena introduziu um subsídio que oferece um desconto de 100% nas taxas para aumentos de passageiros para além dos níveis de 2023. Isto reduziria efetivamente a taxa da Ryanair para apenas 2 euros por passageiro nos aeroportos elegíveis.

Apesar destas medidas, a Ryanair afirma que as taxas continuam a ser um obstáculo. A Aena, por sua vez, salienta que a Ryanair continua a crescer nos principais aeroportos espanhóis que não oferecem descontos, sugerindo que os cortes são estratégicos e não são causados pelas taxas.

“Fico surpreendido por questionarem a rentabilidade destas rotas”, afirma Lucena, salientando que os voos a partir dos aeroportos regionais estão frequentemente cheios e acusando a companhia de utilizar estes cortes para pressionar o Governo a fazer mais concessões, violando potencialmente a legislação espanhola.

“Apesar da sua retórica grandiloquente, a pressão pública constante da Ryanair resume-se a um objetivo simples: utilizar gratuitamente uma parte significativa dos aeroportos espanhóis, o que poria em causa a sustentabilidade financeira a longo prazo do sistema aeroportuário espanhol”, remata.

ZAP //

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