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Ainda é tão cedo, mas “já estamos cansados das presidenciais”. É difícil perceber esta ansiedade

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Tiago Petinga / Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa com Gouveia e Melo

A perspectiva de um vereador na Câmara Municipal de Braga – que corresponde ao que está realmente a acontecer, sobretudo na comunicação social.

“Tem sido interessante assistir ao número de horas e de artigos já escritos para falar sobre eleições que chegam apenas em 2026”.

“É difícil perceber a ansiedade nacional em torno deste ato eleitoral”.

“Nunca se falou com tanto tempo e de forma tão intensa de eleições presidenciais. Porquê?”

A pergunta fica sem uma resposta totalmente definida. E foi lançada por Artur Feio, empresário e vereador do PS na Câmara Municipal de Braga.

No seu artigo de opinião no Jornal de Notícias, com um título muito adequado – “Já estamos cansados das presidenciais” – o vereador tenta encontrar uma resposta à pergunta “porquê?”. Porque se fala tanto sobre eleições que só vão acontecer daqui a um ano?

Há uma hipótese mais coerente do que qualquer outra: não há nenhum candidato/vencedor fechado ligado aos dois maiores partidos. Ou seja, Gouveia e Melo aparece para já como líder destacado, mas os partidos, sejam de esquerda ou de direita, não apoiam ainda nenhum candidato.

Nem se prevê que o apoio seja anunciado em breve. Do lado do PSD, Marques Mendes parece estar na linha da frente; não convence todos os sociais-democratas mas até Luís Montenegro já deu um sinal. No PS, reina a incerteza; Mário Centeno afastou-se, António José Seguro pode avançar mas sem apoio dos socialistas.

Outro motivo possível para esta agitação presidencial: saber que tipo de presidente teremos depois do particular Marcelo Rebelo de Sousa.

Mas depois olhamos para o calendário e vemos que, ainda neste ano, vai haver eleições autárquicas. Cerca de 100 presidentes de Câmara vão sair. E mesmo assim… Vamos comparar o tempo que se tem falado, e os textos que lemos, sobre as autárquicas e sobre as presidenciais? Não têm comparação, as presidenciais ganham de longe – e PSD e PS também não anunciaram para já os candidatos às maiores autarquias. Mas isso já não é assunto tão frequente.

O que preenche diariamente jornais, noticiários da rádio ou da televisão são as presidenciais. É curioso espreitar títulos de podcasts de comentário político nas últimas semanas – veja quantas vezes vê nomes associados às presidenciais. É constante.

E Artur Feio deixa outra perspectiva válida: Marcelo “permitiu que se esteja a falar da sua sucessão desde dois anos antes do fim do seu mandato”. Ou seja, até fica a sensação de que o actual presidente da República já foi embora.

Poderíamos compreender facilmente esta ansiedade se não houvesse mais assuntos relevantes sobre política portuguesa, actualmente. Mas há. Diariamente.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

  1. Concordo absolutamente com o vereador Artur Feio! Há ainda a acrescentar que as autárquicas têm um impacto muito maior nas populações do que a figura do Presidente da República que a maior parte do tempo é irrelevante. O atual passa o tempo a falar de banalidades e a dar nas vistas com palermices, tipo, beijoquices e selfies, mas dos assuntos realmente importantes remete-se sempre ao silêncio apresentando uma qualquer desculpa institucional. Pode-se adaptar as histórias da Anita e escrever “Marcelo vai à praia”, Marcelo vai ao supermercado”, “Marcelo faz de calceteiro”, “Marcelo fala ucraniano na Ucrânia”, “Marcelo dá um apertão de mão a Trump”, “Marcelo beija barriga de grávida”, “Marcelo comenta decote de rapariga”, “Marcelo fica triste quando ninguém lhe liga”… Enfim, tudo é muito relevante nesta figura que se julga importante!

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