A doença pandémica que mudou o mundo parece estar a tornar-se mais branda. É um “mistério”. E pode transformar-se num vírus fecal-oral.
A COVID-19 é agora uma doença omnipresente, mas as hospitalizações parecem estar numa trajetória descendente. Ninguém sabe porquê.
O resumo é feito pela BBC, que chama mesmo “mistério” a esta trajetória que parece assinalar que a doença está muito mais branda do que no início.
Há menos pessoas nos hospitais – apesar da propagação de uma nova variante, a XEC.
Esta variante, descendente da Omicron e produto de recombinação genética, inicialmente levantou preocupações entre virologistas e especialistas em doenças infeciosas devido ao seu potencial para evadir a imunidade fornecida por infeções anteriores e vacinas.
Nos primeiros estudos sobre o assunto, ficámos a saber que a proteína spike da variante diferia significativamente dos seus predecessores, sugerindo uma alta probabilidade de evasão imunitária.
No entanto, o aumento esperado nas hospitalizações nos EUA, especialmente após o feriado de Ação de Graças, não ocorreu.
Dados oficiais indicaram uma queda significativa nas taxas de hospitalização de dezembro de 2023 a dezembro de 2024, apesar da deteção generalizada da variante na vigilância de águas residuais em grandes cidades.
Esse paradoxo tem confundido os cientistas.
Peter Chin-Hong, professor na Universidade da Califórnia, aponta que, embora a XEC pareça imbatível em ambientes laboratoriais, depois encontra um ambiente muito mais desafiador no corpo humano.
Menos sintomas
Há indícios de que a gravidade da COVID-19 está a diminuir.
Sintomas como perda de paladar e olfato são menos frequentes, e a maioria das infeções agora resulta em sintomas leves ou são assintomáticas, especialmente entre as populações vacinadas e previamente infetadas.
Apesar da diminuição geral em casos graves, os grupos vulneráveis, particularmente idosos e imunocomprometidos, continuam em risco. Por isso, os especialistas em saúde continuam a recomendar a vacinação, que proporciona proteção significativa contra resultados graves.
O tratamento da COVID-19 também evoluiu. O uso de anticoagulantes e outros tratamentos agressivos foi reduzido, sendo principalmente substituído por antivirais. Segundo Chin-Hong, o foco mudou para tratar sintomas respiratórios superiores mais leves em vez de complicações graves, como pneumonia e problemas cardiovasculares, levando a estadias hospitalares mais curtas.
Porquê?
Há também um esforço contínuo na comunidade científica para monitorizar e compreender a evolução do vírus.
As razões por trás das manifestações mais leves dos casos recentes de COVID-19 não são totalmente compreendidas.
Especialistas observaram uma exposição generalizada ao vírus com impacto mínimo, sugerindo um possível aumento na imunidade populacional. Esta imunidade pode estar a atenuar a gravidade das infeções, com implicações potenciais para a diminuição dos casos de COVID prolongada. E a maioria das pessoas foi vacinada ou infetada diversas vezes; assim, o corpo desenvolveu uma imunidade mais forte.
Outra teoria é que a COVID-19 pode eventualmente tornar-se tão leve quanto a constipação comum, influenciada por padrões históricos observados noutros coronavírus.
E outro “mistério” é perceber o que se segue. É plausível que algo inesperado possa acontecer: há sinais de que a trajetória final da COVID pode levá-la a tornar-se um vírus fecal-oral, mais parecido com o norovírus, a cólera ou a hepatite A do que com a constipação comum.
Coronavírus / Covid-19
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