“Gatinho” surpreendeu os investigadores numa antiga gruta chinesa, onde terá entrado há 300 mil anos para caçar ratos e ratazanas para lá atraídos por comida deixada por antigos humanos.
Vagueou pela China há cerca de 300 mil anos, mas só agora é que foi reconhecido como pertencente à espécie de felino mais pequena do mundo.
Batizado de Prionailurus kurteni, o felino cabe na palma da mão e foi descrito por investigadores num estudo publicado a 19 de novembro na revista Annales Zoologici Fennici. A descoberta baseou-se num maxilar fossilizado com dois dentes, encontrado na gruta de Hualongdong, local habitado pelos primeiros humanos.
Do género Prionailurus, a espécie recém-descoberta é bastante mais pequena do que os gatos domésticos atuais.
Os atuais membros deste género, como o gato “ferrugem” (Prionailurus rubiginosus) e o gato-bravo-de-patas-negras (Felis nigripes), estão entre os gatos selvagens mais pequenos, com até 52 cm de comprimento. O extinto Prionailurus kurteni era ainda mais pequeno: os investigadores estimaram o seu tamanho entre 35 e 50 centímetros e peso de aproximadamente um quilo.
O ambiente único da caverna preservou os restos mortais do pequeno gato, uma raridade, uma vez que a maioria dos antepassados do gato-leopardo vivia em florestas onde os seus ossos se degradavam rapidamente. Os investigadores especulam que o felino pré-histórico entrou na caverna para caçar ratos e ratazanas, que provavelmente eram atraídos por restos de comida deixados pelos primeiros humanos.
“Os gatos são elementos comuns no depósito de cavernas do Quaternário [período geológico que vai de 2,58 milhões de anos atrás até hoje]. No entanto, encontrar um gato tão pequeno é uma surpresa“, disse Jiangzuo.
O ângulo de um dente associava a espécie aos gatos domésticos e aos gatos de Pallas (Otocolobus manul). Esta descoberta é a primeira prova fóssil destas ligações e lança luz sobre a história evolutiva do género Prionailurus, explicam os investigadores.
A família do gato-leopardo, que inclui cinco espécies vivas, é o género felino mais diversificado das florestas do sul e sudeste da Ásia. “A nova espécie revela, pela primeira vez, a diversidade passada deste género”, observou o autor principal do estudo Qigao Jiangzuo, investigador do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências, ao Live Science.
Os investigadores pretendem alargar o seu estudo dos gatos fossilizados na China e não só, descobrindo mais sobre as origens e a evolução da família dos gatos.
“A nova espécie revela, pela primeira vez, a diversidade passada deste género”, disse Jiangzuo.
“Planeamos fazer um levantamento sistemático dos gatos fósseis na China e em todo o mundo, que não foram bem estudados no passado. Esperamos traçar as origens e a diversidade passada da família dos gatos”, disseram os investigadores ao South China Morning Post.