Um buraco negro que já deu que falar no passado voltou a intrigar a comunidade científica — mudou o seu ritmo bastante depressa, o que é muito raro.
A radiação de raios X do buraco negro super massiv 1ES 1927+654, da constelação Draco, registou um ritmo estranho e regular, chamado oscilação quase periódica, conta a New Scientist.
Não é a primeira vez que este buraco negro traz surpresas: já em 2018 os cientistas registaram a primeira mudança abrupta de que há registos na luminosidade de um buracos negro deste tipo — passara de inativo a extremamente brilhante.
Mas tarde, o brilho desse buraco negro começou a desvanecer-se. O fenómeno terá sido provocado por uma estrela. Agora, também se liga o fenómeno mais recente observado neste intrigante 1ES 1927+654 a uma estrela — anã, mas muito disruptiva.
A primeira vez que os cientistas mediram estas oscilações foi em 2022, e descobriram que o brilho dos raios X flutuava em 10%, aproximadamente, a cada 18 minutos. Mas, em 2024, este intervalo tinha diminuído para cada 7,1 minutos.
“Foi emocionante, por si só, encontrar estas oscilações, porque é apenas um de uma mão-cheia de buracos negros supermaciços que fazem isto”, diz Megan Masterson, uma das autoras do estudo publicado no início deste ano.
“Mas penso que o mais excitante para nós foi o facto de o período de oscilação — a rapidez com que estas oscilações estavam a acontecer — estar a mudar em escalas de tempo observáveis pelo Homem, o que não é habitualmente o que vemos em torno de buracos negros supermaciços”.
O que pode explicar esta mudança abrupta? Uma estrela anã, sugerem os cientistas.
De facto, uma estrela anã branca, cuja matéria é ocasionalmente sugada pelo buraco negro, “está extraordinariamente perto” dele, diz Masterson. “É apenas um pequeno objeto a orbitar à volta deste monstro gigantesco.” Mas mudou tudo.
“É espantoso que um corpo tão pequeno possa ter um impacto tão significativo no que estamos a ver à volta do buraco negro supermaciço”, diz a autora.
No entanto, ainda não foi possível comprovar com certezas esta teoria. Outras possíveis explicações passam pela existência de um anel de matéria deformado chamado disco de acreção em torno do buraco negro, ou até mesmo ondas de matéria.
O Laser Interferometer Space Antenna (LISA), um observatório de ondas gravitacionais baseado no espaço, cujo lançamento está previsto para 2035, deverá ser capaz de detetar ondas gravitacionais em milihertz, que é o que os buracos negros supermaciços produzem.
Por essa altura, deve ser mais fácil de compreender este buraco negro e a sua pequena estrela anã. Para além disso, como afirma o astrónomo britânico Matt Nichol, “toda a gente quer ver uma anã branca ser devorada por um buraco negro”.