Os comprimidos que toma para dormir inibem a limpeza habitual do cérebro e prejudicam mais a sua saúde. Mais do que dormir bem “já hoje”; é importante perceber a origem dos problemas do sono.
Na era do imediatismo, “não há tempo a perder”. Quem não consegue dormir não se preocupa em perceber a origem do problema; quer, sim, dormir já hoje. Mas está mal.
Um novo estudo, publicado esta quarta-feira na Cell, alerta para os perigos dos comprimidos para dormir. Quando ratinhos receberam zolpidem, um fármaco comum para as insónias, os seus cérebros não conseguiram eliminar eficazmente os resíduos durante o sono.
O sono é fundamental para a eliminação dos resíduos do cérebro. Durante a noite, um líquido transparente chamado líquido cefalorraquidiano circula à volta dos tecidos cerebrais, eliminando as toxinas através de uma série de tubos finos, que integram o sistema glinfático.
“Pense neste líquido como uma máquina de lavar louça que o cérebro liga quando está a dormir”, sugeriu Maiken Nedergaard, do Centro Médico da Universidade de Rochester, em Nova Iorque, citado pela New Scientist.
No novo estudo, os cientistas verificaram que, quando os níveis de uma molécula chamada norepinefrina (ou noradrenalina) aumentaram, os vasos sanguíneos do cérebro contrairamm-se, diminuindo o volume de sangue e permitindo que o líquido cefalorraquidiano entre no cérebro.
Por seu turno, quando os níveis de norepinefrina desceram, os vasos sanguíneos dilatam-se, empurrando o líquido cefalorraquidiano de volta para fora.
Esta descoberta revelou que a norepinefrina desempenha um papel crucial na limpeza dos resíduos do cérebro.
Em seguida, os investigadores trataram seis ratos com zolpidem.
Embora os ratinhos tenham adormecido mais rapidamente do que os tratados com um placebo, o fluxo de líquido cefalorraquidiano nos seus cérebros diminuiu, em média, cerca de 30%. Ou seja, o cérebro deles “não foi muito bem limpo”, disse Nedergaard.
Apesar de o estudo ter testado apenas o zolpidem, os investigadores alertam que quase todos os fármacos para dormir inibem a produção de norepinefrina.
Isto sugere que a generalidade dos comprimidos para dormir interfere com a capacidade do cérebro de eliminar as toxinas – e acaba por fazer pior à saúde.
