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Acelerador de partículas descobre nova espécie de “fóssil vivo” com 240 milhões de anos

P. Wagneur /MHNG

Celacanto já extinto foi alvo de um radiação sincrotrónica, capaz de gerar eletrões de alta energia, que bombardeiam as rochas preservadas e revelam o esqueleto dos peixes.

Um acelerador de partículas europeu descobriu uma nova espécie fóssil: trata-se de um peixe celacanto já extinto, cujos detalhes só puderam ser observados graças a um scan 3D feito com tecnologia avançada que permitiu revelar todo o interior da espécie de forma não invasiva.

A instituição responsável é a Instalação Europeia de Radiação Sincrotrónica (ESRF, na sigla em inglês), localizada em Grenoble, França. Os fósseis analisados datam de há 240 milhões de anos, e o nível de precisão da análise permitiu desvendar até alguns aspetos do comportamento destes animais extintos.

Celacantos no acelerador de partículas

Os celacantos são uma espécie aquática que habita a Terra há cerca de 400 milhões de anos, sendo que atualmente existem apenas duas espécies vivas — Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis. Estas espécies, por terem sofrido poucas alterações ao longo de milhões de anos, são frequentemente apelidadas de “fósseis vivos”. Os restos utilizados neste estudo foram encontrados em nódulos de argila do Triásico Médio, perto de Saverne, uma cidade em França.

O sincrotrão é capaz de gerar eletrões de alta energia, que bombardeiam as rochas preservadas e revelam o esqueleto dos peixes, que apresentam características nunca antes vistas. O “fóssil virtual” produzido permitiu descrever os seus aspetos e identificar uma nova espécie: Graulia branchiodonta.

O primeiro nome faz referência a uma criatura mitológica francesa da região da Lorena, onde os restos foram encontrados, chamada Graoully. Já o segundo nome alude aos grandes dentes do peixe, localizados junto às suas guelras.

O estado de preservação do fóssil era excelente, permitindo descobrir detalhes anatómicos, como os seus canais sensoriais — o que indica uma espécie bastante ativa, ao contrário das espécies atuais do género Latimeria, que são notoriamente lentas. Isto sugere que os peixes extintos provavelmente ocupavam um nicho ecológico diferente ou exibiam um comportamento distinto.

Além disso, o animal extinto tinha uma grande bexiga natatória, usada para regular a flutuação, a respiração e possivelmente até a audição. Contudo, a presença deste órgão altamente desenvolvido ainda suscita dúvidas entre os cientistas. Estudos como este, conduzidos pela Universidade de Genebra, estão a abrir novas perspetivas para o estudo não invasivo de fósseis.

ZAP // Canaltech

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