É sexta-feira, 13. A culpa é de um excêntrico milionário

A superstição em torno da sexta-feira 13, embora antiga, foi popularizada por uma figura peculiar da Era Dourada do século XIX:  um financeiro americano, conhecido pelas suas audaciosas transações comerciais e atividades literárias, que lançou inadvertidamente a reputação sinistra destes dias amaldiçoados.

Thomas W. Lawson, um financeiro americano do século XIX, é frequentemente considerado o responsável pela popularização da superstição em torno da sexta-feira 13.

As superstições à volta quer do número 13 quer da sexta-feira têm raízes em crenças antigas, invariavelmente relacionadas com motivos religiosos. Jesus Cristo foi crucificado numa sexta-feira, e na Última Ceia havia 13 pessoas à mesa; como se sabe, isso dá um tremendo azar.

Mas, segundo a BBC, foram a vida e o trabalho de Lawson que solidificaram a ligação sinistra entre as duas superstições, criando o mito da sexta-feira-13.

Nascido em 1857, o início da vida de Lawson foi marcado por dificuldades. No entanto, a sua perspicácia inata para os negócios e a sua ambição implacável conduziram-no a uma grande riqueza.

Lawson tornou-se uma figura proeminente em Wall Street, conhecido pelas suas estratégias de investimento agressivas e pela sua capacidade de manipular os mercados.

Um dos empreendimentos mais controversos de Lawson foi a formação da Amalgamated Copper Company. Este conglomerado, apoiado por industriais poderosos como William Rockefeller, tinha como objetivo monopolizar a indústria do cobre.

No entanto, o valor das ações da empresa foi inflacionado e muitos investidores perderam somas significativas de dinheiro.

O envolvimento de Lawson no escândalo manchou a sua reputação, mas também o tornou um crítico acérrimo da corrupção empresarial e da manipulação financeira. Os seus escritos e discursos expuseram as práticas pouco éticas de Wall Street, tornando-o alvo de interesses poderosos.

Em 1907, Lawson publicou a que viria a ser a sua obra mais famosa, um romance intitulado Friday the 13th (Sexta-feira, 13). O romance conta a história de um magnata de Wall Street que usa a manipulação financeira para se vingar dos seus inimigos

O livro, que foi um assinalável sucesso comercial, acabou por contribuir para  aumentar a superstição em torno desta amaldiçoada combinação de datas.

Para cúmulo do azar, diz a lenda que alguns meses depois de publicar seu romance, mais precisamente na sexta-feira 13 de dezembro de 1907, um enorme barco que Lawson havia mandado construir, batizado com o seu nome, afundou.

O naufrágio aconteceu, na verdade, às primeiras horas do sábado, dia 14, mas em Boston, onde Lawson vivia, ainda era sexta-feira 13.

A ironia da vida de Lawson é o facto de a sua própria fortuna ter declinado ao mesmo tempo que a sua reputação literária disparava. Perdeu grande parte da sua riqueza e influência, e os seus últimos anos foram marcados por dificuldades financeiras.

Assim, Lawson nasceu e morreu na pobreza, depois de ter sido, pelo caminho, um dos homens mais ricos dos Estados Unidos — deixando afinal como principal legado uma das mais famosas superstições em todo o mundo.

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