Um tesouro com mil anos foi encontrado junto a um contentor do lixo, na Figueira da Foz. Tinha documentos anteriores à nacionalidade.
Lá para “2015 ou 2016”, Mário Rui encontrou, na Figueira da Foz, vários maços de jornais empilhados junto a um contentor do lixo.
Os papéis estavam em bom estado e atados com cordéis. Mário nunca imaginou que ali estivessem documentos com mil anos.
Como conta ao jornal Público, o operário figueirense levou os artefactos para um armazém e nunca mais se lembrou deles – até 2019, quando teve de sair daquele espaço.
Só aí, Mário olhou pela primeira vez para os maços com ‘olhos de ver’, desatou os cordéis dos maços e folheou pela primeira vez os jornais – A Capital, República, Diário de Notícias, Diário de Lisboa e O Século, datados de 1974, 1975 e 1977 e com várias referências ao pós-Revolução de Abril.
No meio dos jornais, encontrou papéis soltos, com letras indecifráveis e texturas estranhas – mas sempre sem desconfiar que se tratavam de documentos históricos, alguns do século XI, mais antigos do que a fundação de Portugal.
“Eram documentos régios e eclesiásticos, doações, sentenças, autos cíveis, testamentos, aforamentos, traslados, processos, certidões, inventários, registos de bens e de dízimos, assentos, mapas, contendas e cartas particulares”, do século XI ao século XX, detalhou o Público.
Carta do rei D. Afonso V
Mário Rui decidiu pôr à venda no OLX um desses pergaminhos.
Logo no dia seguinte, foi contactado por Rosa Azevedo, diretora da Divisão de Descrição, Tratamento Técnico-Documental e Aquisições da Torre do Tombo, que mudou o rumo dos acontecimentos (e a vida de Mário Rui).
“Ainda fiquei na dúvida: ‘Será uma brincadeira?’ Mas depois fui pesquisar no Google pelo nome dela e apareceu logo uma reportagem. E eu fiquei a pensar ‘Torre do Tombo?’ Para eles estarem interessados, é porque isto é mesmo bom”, contou.
Afinal de contas, o papel “antigo e bonito” que Mário tinha posto à venda por 400€ era, afinal, uma carta do rei D. Afonso V, datada de 26 de Dezembro de 1480 – um ano antes da morte do monarca.
Aquela carta – tal como os restantes documentos – acabou por ser adquirida pela Torre do Tombo, por valores não detalhados, depois de um ano em análise.
“Aos [documentos] maiores enrolei-os em canudos depois de estarem bem secos e limpos. Estava tudo organizado, estavam direitinhos, a doutora [Rosa Azevedo] até disse: ‘Fez um bom trabalho’“, enalteceu Mário Rui, que, entretanto, deixou a fábrica na qual trabalhava e é proprietário de um café na Figueira da Foz.
Porque é que fiquei com a sensação de que esta notícia, além de algo tardia (mas mais vale tarde do que nunca), ficou muito áquem da profundidade que merecia? Tantas questões por responder…
A notícia tem link para a notícia original, com mais detalhes.
Caro Miguel Ferreira, certo, eu reparei na existência desse link para o artigo original, confessando que não cheguei a clicar no mesmo. De qualquer forma, o meu comentário não foi propriamente no sentido de uma crítica direta ao ZAP.aeiou, mas sim na atualização e (des)interesse jornalístico geral, digamos, visto esta estória já ter alguns anos e, aparentemente, só agora ser dado destaque à mesma.
Em relação às questões por responder, o vídeo d’ “O Público” aborda, pelo menos, algumas dessas incógnitas, sem bem que sem certezas, o que também se compreende.
Achados com mais ou menos interesse, de vez em quando acontecem. em qualquer canto do mundo. Ainda bem que tal acontece.
Neste caso, a pergunta que tenho de fazer é: Porquê este espólio ter ido para ao lixo? São factos como este que nos mostram como o País ainda está tão lá atrás!
Acho que o que o que aconteceu não tem nada que ver com “o País”. A minha aposta é que alguém tinha isto em casa, morreu e os herdeiros, apenas interessados em fazer render a herança, desfizeram-se de tudo, sem querer saber sequer o que era. À conta disso já encontrei algumas coisas bem interessantes no “lixo”, como discos antigos e livros.
A ser verdadeira é de facto bombástica .!É estranho como é que ele a pôs à venda por tão avultada quantia sem primeiro se certificar, junto de um organismo público, do seu “real” interesse e valor! Por mero acaso não foi parar ao aterro sanitário!