O ex-ministro da Defesa sul-coreano foi detido este domingo pelo seu papel na tentativa de imposição da lei marcial que mergulhou o país numa semana de caos.
A unidade especial de investigação do Ministério Público, designada para o caso da lei marcial, anunciou a detenção do ex-ministro e a apreensão do telefone, depois de Kim Yong-hyun ter manifestado, horas antes aos meios de comunicação social, a vontade de cooperar com as autoridades sul-coreanas.
Kim Yong-hyun já tinha apresentado a demissão, na sequência do breve estado de exceção declarado na terça-feira à noite pelo Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, que seis horas mais tarde foi obrigado a recuar perante a resposta do parlamento e da população.
O presidente sul-coreano declarou na terça-feira a Lei Marcial na Coreia do Sul para “proteger o país das forças comunistas da Coreia do Norte”, decisão que gerou protestos generalizados e levou mais de um milhão de pessoas às ruas a pedir a saída do chefe de estado.
Kim Yong-hyun estava impedido de sair do país e Yoon Suk-yeol é alvo de um inquérito policial por rebelião.
Pelas 21h30 deste sábado, o Presidente sobreviveu a uma moção de destituição, apresentada pelos partidos da oposição e votada no parlamento, devido ao boicote do partido no poder, o Partido do Poder Popular, que não participou na votação.
Pouco depois, o PPP explicou ter bloqueado a moção para evitar “uma rutura grave e o caos”, garantindo que “vai resolver a crise de forma mais ordeira e responsável”.
O líder do PPP, Han Dong-hoon, sublinhou que o partido conseguiu do Presidente sul-coreano a promessa de que se vai retirar e, até a demissão ser efetiva, Yoon estará “excluído da maioria das funções” presidenciais, garantidas pelo primeiro-ministro e pelo PPP.
O principal partido da oposição da Coreia do Sul anunciou entretanto que vai tentar novamente, no dia 14 de dezembro, destituir o Presidente Yoon Suk Yeo.
“Yoon Suk-yeol, o principal culpado por trás da rebelião e do golpe militar que destruiu a ordem constitucional da Coreia do Sul, deve renunciar imediatamente ou sofrer ‘impeachment’ sem demora. A 14 de dezembro, o nosso Partido Democrata irá acusar Yoon, em nome do povo”, disse o líder da oposição, Lee Jae-myung.
A lei marcial é um regime temporário decretado pelas autoridades militares num momento de emergência, quando as autoridades civis são consideradas incapazes de funcionar. Teoricamente, é uma medida temporária, mas tem implicações nas liberdades civis.
A lei marcial prende-se com a suspensão da lei civil, restringindo direitos de cidadãos e dando mais poder às Forças Armadas, para que estas possam garantir a segurança e fazer frente a um agressor.
Foi a primeira vez desde 1980 que a lei marcial é declarada na Coreia do Sul, década em que o governo país se tornou democrático.
ZAP // Lusa