Cientistas afirmam que a gravidade de Marte puxa a Terra para mais perto do Sol, e isso faz com que o nosso planeta fique mais quente.
Dados geológicos com mais de 65 milhões de anos partilhados num estudo publicado na revista Nature em março sugerem que as correntes marítimas profundas na Terra passam por ciclos de força recorrentes a cada 2,4 milhões de anos.
Estes ciclos, designados por “grandes ciclos astronómicos”, parecem estar ligados a interações gravitacionais entre a Terra e Marte, revelam os astrofísicos.
Dietmar Müller, professor de geofísica na Universidade de Sydney, explica à Earth que “os campos gravitacionais dos planetas do sistema solar interferem uns com os outros e esta interação, designada por ressonância, altera a excentricidade planetária, uma medida da proximidade da circularidade das suas órbitas”.
Devido a esta ressonância, a atração gravitacional de Marte aproxima ligeiramente a Terra do Sol, o que leva a que haja um aumento da radiação solar e um clima mais quente.
Com o tempo, a Terra volta então a afastar-se, completando este ciclo aproximadamente a cada 2,4 milhões de anos. Esta influência gravitacional subtil pode desempenhar um papel na formação dos padrões climáticos a longo prazo da Terra.
Para a investigação, os astrofísicos utilizaram dados de satélite para mapear a acumulação de sedimentos no fundo do oceano ao longo de milhões de anos. EM relação a estes, também se descobriram algumas coisas: os investigadores sugerem que correntes oceânicas mais fortes durante períodos mais quentes, causadas pela influência de Marte, podem ter perturbado a deposição de sedimentos.
As conclusões deste estudo sugerem que estes ciclos temporais podem ajudar a manter as correntes oceânicas, mesmo em cenários em que o aquecimento global as possa enfraquecer.
A mecânica orbital entre Marte e a Terra prende-se com as suas posições, velocidades e distâncias no sistema solar, criando uma “relação fascinante”, como a descreve a Earth. As descobertas sobre este tema pode, então, ser essenciais para sermos capazes de enviar objetos para Marte com mais precisão (e até mesmo, no futuro, humanos).
A descoberta pode também apresentar novas informações sobre a resiliência dos oceanos face às alterações climáticas. “Isto poderá evitar que o oceano fique estagnado, mesmo que a circulação meridional do Atlântico abrande ou pare completamente”, concluiu outra investigadora, Adriana Dutkiewicz.
Os investigadores continuam a explorar a forma como as forças gravitais entre Marte e o sistema solar podem ter moldado a história do planeta.