EUA: deixam a religião para poderem lavar a roupa

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Pensa-se que muita gente que abandona a igreja por motivos fortes, profundos – mas afinal podem ser razões apenas “aborrecidas”.

Porque é que uma pessoa deixa de ir à igreja? Ou, mais tarde, porque é que uma pessoa abandona mesmo a sua religião?

Pensa-se que muita gente que abandona a igreja por motivos fortes, profundos – mas afinal podem ser razões apenas “aborrecidas”.

A descrição surge no Religion News, que começa por especular o que algumas pessoas pensarão: festas, orgias, vinho, drogas e rock ‘n’ roll! “É isso que fazem as pessoas que abandonaram a religião, certo?” – já que deixaram de estar ligadas às restrições morais da religião. E já que têm mais tempo…

Mas afinal não. No livro Goodbye Religion: The Causes and Consequences of Secularization, lançado no mês passado, os sociólogos Ryan Cragun e Jesse M. Smith analisam as causas desse “adeus à religião”.

E afinal, a realidade é mais tranquila e banal do que se pensa. Pelo menos nos EUA.

Os norte-americanos não querem pecar. Os agora ateus usam o tempo extra ao domingo para… lavar mais roupa, basicamente.

“Estão apenas a fazer coisas normais, está bem? Nada de extraordinário. Não estão a passar horas e horas nos bares. Estão a passar um pouco mais de tempo com a família e um pouco mais ao ar livre. Vão caminhar, veem mais televisão e realizam mais tarefas em casa”, analisou Smith.

Outra conclusão: está errada a ideia de que quem abandona a religião é um homem jovem, branco e bem-educado. Se calhar essa ideia nunca esteve certa, na verdade. Mas hoje em dia os não-religiosos são tão diversos quanto a população em geral. Focar apenas em dados demográficos não diz grande coisa.

Claro que a educação, a própria sociedade em mudança, também interferem: “As pessoas estão a perceber cada vez mais que os ensinamentos religiosos não estão alinhados com as suas crenças políticas e sociais reais”. É o denominado “desalinhamento de valores” – que se vê muito nas opiniões sobre homossexualidade, por exemplo.

Outros deixam a comunidade religiosa porque vêem diversos aspectos da religião que consideram pouco atraentes. Ou seja, acham que podem aproveitar aquele tempo para fazer algo mais produtivo, que os deixe mais satisfeitos. Também tem a ver com autonomia para tomar decisões e para poder adoptar uma visão de mundo moderna.

E, sem surpresa, os grandes comandantes deste afastamento da religião são os jovens. E não é uma falha em transmitir a religião – são os pais a dar autonomia aos filhos. Os mais novos, se puderem escolher entre ir à missa ou ficar em casa a jogar ou na internet… Adivinhem o que a maioria escolhe.

Uma última ideia, igualmente importante: os ateus não são “defeituosos”, nem lhes falta a presença de Deus ou da religião. A maioria não sente isso, assegura Smith.

“Encontram significado na vida, encontram beleza. Fazem afirmações grandiosas sobre a majestade do próprio cosmos e sobre a sua pequenez nele. Falam sobre como as pessoas têm de assumir a responsabilidade pelos seus próprios destinos e pelas suas próprias vidas. Dizem: ‘Não só não é mau estar sem religião, como não perdi nada. Em muitos aspectos, ganhei uma visão mais ampla.’”, conclui o sociólogo.

Ah, e alguns ateus têm agora mais relações sexuais. Talvez entre ciclos da máquina da roupa.

ZAP //

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1 Comment

  1. Mais uma vez uma americanize estúpida.
    Os ateus não são/somos gente que deixa a religião para ocupar-se de outras coisas.
    Ser ateu é negar a existência de qualquer deus, ser superior ou algo parecido e gostar de viver de apreciar a vida da beleza da natureza não implica acreditar em entidades superiores.
    Querer aplicar a todo o mundo “estudos” realizados num pais concreto e que por cima é um lugar quando menos peculiar é errado.

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