Dezenas de ativistas pró-democracia chineses condenados a prisão por “subversão”

VOA / Wikimedia Commons

Milhares de pessoas em Hong Kong manifestam-se a favor de Benny Tai, da oposição, em 2018.

45 ativistas condenados até 10 anos de prisão em Hong Kong por constituírem oposição ao Partido Comunista. Estado chinês perdeu “a confiança do povo”.

Benny Tai e Joshua Wong faziam parte do chamado grupo Hong Kong 47, constituído por ativistas e legisladores que elaboraram em 2020 um plano para escolher candidatos da oposição para as eleições regionais.

Tai, considerado o principal infrator, foi condenado a 10 anos e Wong a mais de quatro anos. Outras 43 pessoas foram condenadas, após duas terem sido absolvidas em maio. O total das penas de prisão decretadas pelos juízes ascendeu a mais de 240 anos, conta a CNN.

Joshua Wong, um antigo líder estudantil, terá ainda gritado “Eu amo Hong Kong” antes de sair do banco dos réus após a sentença que o condenou, a ele e a dezenas de outros, por subversão política.

O julgamento marca agora o maior caso relacionado com a dura lei de segurança nacional (NSL) que a China impôs a Hong Kong logo após os explosivos protestos pró-democracia da cidade em 2019, quando milhares de opositores ao regime pediram reformas democráticas na cidade, que tem mais de 7,5 milhões de habitantes.

À BBC, Sunny Cheung, um ativista que concorreu às primárias de 2020, mas que entretanto fugiu para os EUA, disse que “eles [o Estado] podem estar felizes de certa forma porque toda a oposição está a ser eliminada… mas, ao mesmo tempo, perderam toda a geração. Não têm a confiança do povo”.

Na altura dessas eleições, os ativistas argumentaram que as suas ações eram permitidas ao abrigo da Lei Básica — uma “mini-constituição” que permite algumas liberdades.

“Nunca imaginaram que estariam na prisão apenas por criticar o governo”, disse à BBC o antigo legislador da oposição Ted Hui, que participou nas primárias e mais tarde fugiu para a Austrália.

De acordo com a CNN, desde que a NSL foi implementada, a maioria das figuras pró-democracia está na prisão ou num exílio auto-imposto, uma série de grupos civis foram dissolvidos e muitos meios de comunicação social independentes foram encerrados. Pequim também reformulou o sistema político de Hong Kong para garantir que apenas os “patriotas” mais convictos se possam candidatar a eleições.

O caso tem sido amplamente acompanhado pelos media, e é já conhecido como “o julgamento dos 47 de Hong Kong”. Alguns países, como os EUA , já condenaram publicamente o sucedido.

Citado pela CNN, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China respondeu na terça-feira, acusando “alguns países ocidentais” de “interferirem nos assuntos internos da China e de difamarem e minarem o Estado de direito em Hong Kong”.

ZAP //

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