Falta de sono, doenças cardíacas e até cancro: por que o horário de inverno é melhor para o corpo

Depois de o sol se pôr, a ausência de luz solar faz com que o nosso corpo produza melatonina, que promove o sono e melhora a saúde. 

O nosso relógio interno evoluiu para se alinhar com o nascer e o pôr do sol e com um dia de 24 horas, começa por explicar o The Washington Post (WP) que chama a este fenómeno “meio dia solar”.

Um dos principais problemas que o horário de verão levanta é o sono. Como estamos orientado pelo “meio dia solar”, o nosso corpo ainda não está “preparado” para ir dormir tão cedo, e quer dormir também mais uma hora de manhã.

Esta desregulação, de acordo com o jornal americano, provoca mais ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais, e até mesmo acidentes de viação.

Para além disso, de acordo com Phyllis Zee, neurologista da Feinberg School of Medicine da Northwestern University, disse ao WP que, sem luz solar, podemos cair na desregulação do ciclo cardíaco.

Isto acontece “quando os relógios internos do corpo ficam fora de sincronia com o relógio solar e os relógios sociais”, explica.

O solstício de verão, por volta de 21 de junho no Hemisfério Norte, é o dia mais longo do ano. Essa hora extra de luz solar depois do trabalho pode ser agradável, mas, lembra o jornal, ter um pôr do sol mais tardio perto da hora de dormir pode atrasar o aparecimento das hormonas do sono, retardando o relógio interno.

Ainda assim, mesmo que acabássemos por perder algum sono, durante o verão, ainda teríamos o sol da manhã para o “puxar” um pouco para trás.

Mas, recorda o WP, também no caso do dia mais curto do ano é pouco benéfico acordar quando ainda é de noite, já que o organismo pode não ter capacidade para se “despertar a si mesmo”.

Viver constantemente fora de sincronia com o nosso relógio interno aumenta os riscos de perda de sono, obesidade, diabetes, doenças cardíacas, distúrbios de humor e até mesmo certos tipos de cancro.

A melatonina tem propriedades oncostáticas, ou seja, pode retardar a propagação do cancro, disse ao WP Charles Czeisler, chefe da Divisão de Distúrbios do Sono e Circadianos do Brigham and Women’s Hospital.

Tanto Zee como Beth Malow, professora de neurologiada Universidade de Vanderbilt, dizem que adotar para sempre o horário de inverno reduziria os problemas de saúde a curto prazo (e a frustração) criados pelo ajustamento dos nossos relógios duas vezes por ano.

Para além disso, nosso relógio interno iria manter-se em sincronia com o dia solar, o que originaria num melhor ritmo cardíaco. Poderia, assim, reduzir-se o risco de vários problemas de saúde a longo prazo.

Mudar os relógios não altera a duração total da luz solar num dia, lembram as neurologistas. Com o horário permanente, pelo menos a luz seria recebida à hora certa do dia para termos melhor saúde.

ZAP //

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