O foco dos insultos e tentativas de agressões era Pedro Sánchez. Extrema-direita já reivindicou o ataque, num dia que “não era para os reis irem”.
As imagens raras circularam o mundo, neste domingo: um casal real a ser alvo de insultos graves e tentativas de agressões.
Aconteceu em Espanha, mais precisamente em Paiporta, um dos locais mais afectados pelas cheias históricas que se verificaram na semana passada na zona de Valência.
O rei Felipe VI e a rainha Letizia quase eram atingidos por lama e alguns objectos (um guarda-costas ficou ferido) enquanto ouviam gritos como “assassinos”, “demissão” ou “fora daqui”.
Só que a comitiva real tinha companhia – só na fase inicial – do primeiro-ministro Pedro Sánchez , e do presidente Generalitat Valenciana, Carlos Mazón.
E o alvo dos insultos eram estes dois responsáveis.
Pedro Sánchez abandonou rapidamente o local, mas o rei e a rainha não. Apesar da tensão evidente e do perigo iminente, Felipe e Letizia quiseram “furar” o cordão de segurança para se aproximarem e falarem com os habitantes locais.
Uma das moradoras afectadas explicou à rainha que os insultos não eram dirigidos à família real. Mas deixou um conselho: “Dona Letizia, hoje não era o dia para virem. Vocês não têm culpa, mas não era o dia para virem“.
No vídeo que incluímos no início deste artigo, ouve-se outro morador a dizer claramente: “Não era para vocês“.
Duas vizinhas estavam indignadas com a falta de apoio: “O exército demorou três dias a chegar. Não temos roupa, não temos comida. Não temos nada“, cita a RTVE.
“Podiam ter-nos avisado e não avisaram! Muitas, muitas mortes!”, gritavam outras vozes. A rainha reagia com “Têm razão, têm razão”, embora sublinhando que “ninguém sabia” que este fenómeno iria atingir esta escala.
No meio de abraços, mãos dadas e escuta atenta, a rainha Letizia, já com cara e mãos com lama, não resistiu à emoção de tantos relatos de desespero. Começou a chorar junto aos habitantes de Paiporta.
La Reina Letizia se rompe al escuchar el llanto desconsolado de una vecina de Paiporta. La mujer, descompuesta, le repite: “No nos avisaron, no nos avisaron” pic.twitter.com/Pk9ffJo4kv
— EL MUNDO (@elmundoes) November 3, 2024
O rei Felipe VI ouviu queixas sobre não ter aparecido no local antes. Só foi cinco dias depois das grandes inundações.
“Tudo é um equilíbrio. Se quiserem, não venho. Fico em Madrid“, respondeu . Um habitante insistiu: “Se tivesse vindo no primeiro dia e colocado as botas, o povo estaria convosco”.
Outra moradora afectada, e desesperada, perguntava onde estava o exército. O rei respondeu: “Está aqui”, apontando para trás, onde estava um dos altos responsáveis do exército. “Têm muitos sítios para ir, há muitos locais afectados. Eles estão em todo o lado, na medida do possível”, comentou o rei de Espanha.
A polícia está a investigar os distúrbios em Paiporta e há a possibilidade de a tensão ter sido criada por neonazis. Entretanto, um elemento do grupo ultra Revuelta, de extrema-direita, reconheceu que o seu grupo foi responsável pelo ataque em Paiport: “Os da minha associação estão aqui, acertámos no carro (da comitiva de Pedro Sánchez) mas só conseguimos dar com um pau na parte de trás”, cita o elDiario.
Já o primeiro-ministro Pedro Sánchez assegurou, horas depois: “Não nos vamos desviar do nosso objectivo, apesar de algumas pessoas violentas, de actos absolutamente marginais ” – o objectivo do Governo é salvar vidas e recuperar cadáveres.
Teoria da conspiração, com m ais de 2.000 mortos a População sente revolta, porque não houve a presença do Estado , célere, adequada aos momentos trágicos que viviam.
Essa revolta não tem ideologia, nem partido. É o Povo entregue a si próprio.