Morreu Camilo Mortágua

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Nuno Veiga / Lusa

Camilo Mortágua, pai de Mariana e Joana Mortágua

Camilo Mortágua, pai das deputadas do Bloco de Esquerda Mariana e Joana Mortágua, morreu esta sexta-feira aos 90 anos.

Morreu o antifascista Camilo Mortágua. Tinha 90 anos.

A informação foi avançada pela família, numa nota enviada à agência Lusa.

“A família informa que Camilo Mortágua morreu esta madrugada, dia 1 de novembro, aos 90 anos. Partilhamos com os muito amigos e companheiros que se cruzaram com Camilo Mortágua a alegria de termos testemunhado uma vida de convicções, de compromisso com a liberdade e com a solidariedade”, pode ler-se na nota.

Nascido em Oliveira de Azeméis, a 29 de janeiro de 1934, Camilo Mortágua foi, durante o Estado Novo, um dos grandes nomes da luta anti-salazarista.

Pai das deputadas do Bloco de Esquerda Mariana e Joana Mortágua, foi um dos protagonistas de vários golpes mediáticos contra a ditadura.

Operação Dulcineia

A 22 de janeiro de 1961, Camilo Mortágua participou da famosa Operação Dulcineia, organizada pela Direção Revolucionária Ibérica de Libertação, que tomou de assalto o paquete Santa Maria, que transportava 600 turistas e mais de 300 tripulantes a para Miami.

Desvio de Avião da TAP

Meses mais tarde, a 10 de novembro de 1961, Camilo Mortágua ajudou a desviar um voo Casablanca-Lisboa da TAP.

A ação tinha como objetivo sobrevoar Lisboa e outras cidades portuguesas a baixa altitude para lançar milhares de folhetos contra o regime. Foram largados mais de 100 mil panfletos sobre Lisboa, Setúbal, Barreiro, Beja e Faro.

Assalto ao Banco de Portugal

A 17 de maio de 1967, ao lado de Palma Inácio, António Barracosa e Luís Benvindo, Mortágua assaltou a filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz para financiar ações contra o regime de António de Oliveira Salazar.

Nesse mesmo ano, está na fundação da Liga de Unidade e Ação Revolucionária – LUAR.

Ocupação da Herdade Torre Bela

Já depois da Revolução dos Cravos, em abril de 1975, Camilo Mortágua esteve envolvido na ocupação da herdade Torre Bela, no Ribatejo, a maior propriedade agrícola murada de Portugal, pertencente ao Duque de Lafões, da qual resultou a criação da cooperativa Torre Bela.

Grande Oficial da Ordem da Liberdade

Concentrou então a sua atenção no desenvolvimento rural e local desde a vila de Alvito, no Alentejo, onde se fixou nos anos 80 do século XX e da qual Mariana e Joana Mortágua são naturais.

Em 1991 fundou a Associação Terras Dentro, nas Alcáçovas, e foi presidente da Presidente da Associação para as Universidades Rurais Europeias (APURE).

Camilo Mortágua publicou as suas memórias em dois volumes, intituladas “Andanças para a Liberdade”, nas quais percorre a sua vida desde a infância na Beira Litoral até ao 25 de Abril.

Em junho de 2005, Camilo Mortágua foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem da Liberdade da República Portuguesa, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio

“Há nomes tão fortes que a morte só leva emprestado”, escreveu a Joana Mortágua, no X.

De acordo com as informações avançadas, o velório decorre hoje a partir das 17h30 na casa mortuária de Alvito (Rua da Misericórdia).

O funeral está marcado para sábado, às 11h00, partindo da casa mortuária para o cemitério de Alvito (distrito de Beja).

“Um lutador contra a ditadura”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou o seu pesar às deputadas Mariana e Joana Mortágua pela morte do pai, o antifascista Camilo Mortágua, recordando-o como um “lutador contra a ditadura”.

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado apresenta o seu pesar “às deputadas Mariana e Joana Mortágua e restante família, amigos e admiradores de Camilo Mortágua”.

No texto, Marcelo Rebelo de Sousa recorda Camilo Mortágua como um “lutador contra a ditadura durante muitas décadas do século passado” que morreu hoje “ao fim de uma longa e multifacetada vida ao serviço dos ideais que abraçava”.

ZAP // Lusa

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9 Comments

  1. Assalto ao Banco rendeu 30.000 contos em Euros dava algo como 17 ;ilhoes de Euros.
    E o Sampaio ainda deu uma Condecoracao. ahahaha.

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  2. Era provavelmente um dos últimos terroristas liberais que respaldado pela OTAN e a Agência Central de Inteligência («CIA») executou vários acções de terrorismo e roubo com objectivo de prejudicar Portugal, os Portugueses, e o Estado Novo.

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  3. Um terrorista a menos no mundo. Um ladrão que partiu . Perde-se uma vida mas que apenas importa para a sua família pois de resto pouca falta vai fazer

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  4. Por essa lógica, Portugal é um país de terroristas, ou não nos tivéssemos revoltado contra os Espanhóis e morto uns bons milhares deles.

    E agora, vão mudar de nacionalidade, é? Ou vão abraçar a vossa nacionalidade “terrorista”?

    Não estais felizes? Ide para Espanha, Salazaristas.

    • Percebo-te, ó Tiago… Queres comparar épocas que nada têm que ver umas com as outras, seu ignorante.
      Este homem com “h” muito pequeno foi um terrorista e criminoso, que se escudou por detrás da luta anti-fascista. Quantos e quantos não foram também lutadores anti-fascistas que lutaram sem roubar nem matar ninguém. Sim, eu disse matar porque este energúmero criminoso, assassino e cobarde matou uma pessoa pelas costas no assalto ao Santa Maria.
      Que arda devagarinho no inferno!

  5. Grande homem, fazem falta muitos destes para os próximos tempos, que serão pautados pela mentira e manipulação de partidos de ignorantes como o Chega. RIP

    Editar – 

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