Investigadores identificaram uma enzima – a glutatião S-transferase ómega 2 (GSTO2) – que pode ser chave no desenvolvimento da doença de Huntington, uma condição genética fatal que leva à deterioração dos neurónios.
Um estudo publicado esta segunda-feira na Nature Metabolism, revelou que a enzima GSTO2 pode ser o gatilho da doença de Huntington.
A investigação revelou que os níveis desta enzima aumentam no cérebro antes dos sintomas emergirem, tanto em humanos como em roedores.
Esta descoberta abre a possibilidade de novas abordagens preventivas para a doença, sugerindo que bloquear a GSTO2 poderia atrasar ou mesmo impedir a progressão dos sintomas da também conhecida como Coreia de Huntington ou “dança de São Vito”.
Como detalha a Live Science, doença de Huntington resulta de uma mutação no gene HTT, que codifica a proteína huntingtina. Quem herda o gene mutante de um dos progenitores tem uma probabilidade de 50% de desenvolver a doença.
Os efeitos desta mutação incluem a produção excessiva de dopamina, afetando particularmente o estriado no cérebro e provocando sintomas motores e cognitivos, como dificuldades de movimento e de concentração. Geralmente, os sintomas manifestam-se entre os 30 e os 50 anos, com o agravamento progressivo da condição a levar à morte dentro de 10 a 30 anos após o seu início.
Até ao momento, a relação entre a mutação HTT e o aumento de dopamina não estava clara, e os tratamentos existentes focavam-se no alívio dos sintomas. No entanto, este estudo dirigido adotou por uma abordagem alternativa, investigando não diretamente a mutação, mas as vias bioquímicas afetadas por esta.
“Em vez de olharmos para a mutação neste gene específico que causa a doença deoo Huntingon, olhámos para os sinais que esta mutação afeta e o que eles fazem”, explicou Liliana Minichiello, autora principal do estudo e professora de neurociência celular e molecular na Universidade de Oxford, à Live Science.
Ao estudar ratinhos modificados para replicar a falta de sinais de sobrevivência neuronal, típicos na doença de Huntington, a equipa observou que a interrupção destes sinais levava ao aumento dos níveis de GSTO2 e subsequente elevação da dopamina, antecedendo os sintomas motores. Paralelamente, este padrão também se verificou em tecido cerebral humano afetado pela doença.
Os resultados indicam que a GSTO2 está diretamente envolvida na progressão da doença, o que perspetiva, desde logo, um novo alvo terapêutico e traz esperanças para novos tratamentos.