A uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos, ainda não se aponta a vitória a nenhum candidato. Sondagens apontam para um empate técnico. Se acontecer, como se sai dele?
São 538 os delegados do Colégio Eleitoral nos EUA. Número par. Sendo assim, existe uma reduzida hipótese de empate.
De acordo com as sondagens, a menos de uma semana do dia 5 de novembro, não se canta a vitória em nenhum dos partidos: dos sete estados considerados decisivos, Kamala Harris está à frente (à risca) em quatro.
Harris mantém uma frágil liderança a nível nacional e no Michigan, mas a sua hegemonia no Nevada, Pensilvânia e Wisconsin diminuiu na última semana. Trump lidera no Arizona, Geórgia e Carolina do Norte.
O Colégio Eleitoral é um órgão que não tem semelhança a nenhum outro em Portugal, onde as eleições se realizam de forma direta. Nos EUA, cada estado “vale” um determinado número de delegados (esse número é igual ao da sua bancada na Câmara dos Representantes e no Senado).
Os delegados são representantes dos partidos, que apresentam uma lista dos selecionados antes da eleição.
Mas se, por exemplo, Donald Trump se sair vencedor no estado da Califórnia, todos os delegados desse estado representarão os republicanos (ou seja, a Califórnia fica “perdida” para Kamala Harris, que não terá qualquer tipo de representação nesse estado).
No entanto, é só em 32 dos 50 estados que existem leis que proíbem os delegados de votarem num candidato diferente do escolhido nas urnas. Nos outros estados não há uma lei que obrigue isso, mas é tradição que os delegados votem em consonância com as preferências dos eleitores.
Um pormenor curioso, de acordo com a BBC, é que existiram já casos em que, por exemplo, Hillary Clinton obteve mais 2,9 milhões de votos dos eleitores americanos do que Donald Trump — que, ainda assim, devido a este sistema, acabou por vencer as eleições, por ter sido mais votado em estados com maior representatividade.
No entanto, ressalva-se, estes casos são muito raros.
O que acontece caso haja empate no Colégio Eleitoral?
Como explica a RTP, se não existir consenso, será a Câmara dos Representantes a escolher o presidente. É esta a lei imposta pela 12ª Emenda da Constituição americana.
Caso se chegue a esse ponto, a escolha será feita por maioria simples, e cada Estado tem direito a um voto. Até hoje, apenas dois presidentes na história dos EUA foram eleitos dessa forma: Thomas Jefferson, em 1801, e John Quincy Adams, em 1825. No caso da escolha do vice-presidente, essa decisão já passa para o Senado.
O empate técnico é uma nuvem que tem pairado sobre os EUA nas últimas semanas, numa das corridas presidenciais mais renhidas da história do país.