“Desumano”. Misericórdias sobem mensalidade para ficar com parte do bónus das pensões

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O aumento das mensalidades vai absorver parte do bónus dado aos pensionistas. A decisão está a ser criticada pelas associações que representam os idosos.

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) anunciou que aumentará as mensalidades dos utentes a partir do próximo mês, justificando a medida pelo suplemento extraordinário de pensões concedido pelo Governo aos idosos. A UMP defende que este aumento está de acordo com a lei, mas a medida é criticada por associações de reformados, que a consideram “injusta” e “desumana”.

Num comunicado de 10 de outubro, a UMP explicou que o suplemento extraordinário será considerado no cálculo das comparticipações familiares. A revisão será realizada no mês em que o suplemento for recebido e, no mês seguinte, as comparticipações serão atualizadas novamente, com uma adenda ao contrato dos utentes. A decisão é justificada pela Portaria n.º 218-D/2019, que permite alterações na comparticipação familiar com base em variações de rendimento per capita.

Sílvia Fontes, cujo pai é utente da Santa Casa da Misericórdia de Arganil, foi informada que cerca de 45% do suplemento de 200 euros recebido pelo pai seria retido pela instituição. Em resposta, o diretor-geral da Santa Casa explicou que esta atualização é necessária para refletir a mudança de rendimento dos utentes, sendo uma aplicação das normas vigentes.

Para Isabel Gomes, presidente da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI), esta prática é “injusta” e reforça a necessidade de uma rede pública de lares. “O Estado dá às pessoas, não se justifica esta opção. O que é hábito é, na altura da declaração do IRS, se fazer um acerto da mensalidade do lar”, explica ao JN.

É desumano. É um bónus que é dado aos idosos, muitos deles com pensões muito baixas. É triste”, concorda Maria do Rosário Gama, presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!).

Este suplemento extraordinário, que abrange 2,4 milhões de reformados e é financiado pelo Orçamento do Estado, envolve um custo de 422 milhões de euros. O montante máximo é de 200 euros para pensões mais baixas, decrescendo para valores entre 100 e 150 euros para pensões superiores. A comparticipação familiar dos utentes é calculada segundo o rendimento per capita, com o Estado a contribuir com 573,53 euros mensais por utente em lares de idosos.

Em 2022, uma situação semelhante ocorreu quando o bónus de meia pensão dos reformados foi retido em parte pelas instituições de solidariedade, numa prática que também era prevista legalmente.

ZAP //

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3 Comments

  1. Lamentável. E pior ainda , é que o governo não intervenha. O dinheiro é dos nossos impostos e é dado ao utente e não à Santa Casa, que, mostra ser uma casa que de santa, não tem nada, muito pelo contrário.

    ESpero bem que alguém, com poderes no Governo, não deixe que isto suceda.

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